Alvo preferencial dos ataques verbais de Jair Bolsonaro, o Grupo Globo se levantou na trincheira dessa guerra particular e disparou críticas contundentes contra o presidente. "Bolsonaro constrói com eficiência a imagem de alguém que não está à altura do cargo. Mostra não entender a dimensão da agenda presidencial", diz o editorial da edição desta sexta-feira (6) de O Globo.
O maior veículo impresso da empresa carioca — e jornal com maior circulação de exemplares do País — vai além na artilharia: "Enquanto Bolsonaro perde tempo em patrocinar atos de desrespeito à imprensa, para animar uma plateia digital, há um expediente no Planalto à sua espera que não está sendo cumprido. O presidente precisa trabalhar, e para isso tem de desmontar o picadeiro eletrônico que armou à frente do Alvorada".
Esse tom enfático parece ser um contra-ataque do Grupo Globo à depreciação que Bolsonaro faz da companhia, principalmente nas 'lives' em redes sociais e nos encontros com a elite do empresariado. O presidente tem sugerido boicote de verbas publicitárias a veículos que falam mal de seu governo.
De acordo com O Antagonista, em reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Bolsonaro pediu a cerca de 40 presidentes e diretores de grandes corporações que deixem de anunciar em TVs, rádios, jornais, revistas e portais que sejam críticos demais à sua gestão no Planalto. Jornalistas não foram autorizados a acompanhar o encontro.
Desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, o Grupo Globo perdeu parte dos anúncios do governo federal e de suas estatais. Mas essa fatia a menos não deve abalar as contas da empresa. O conglomerado de comunicação do clã Marinho faturou R$ 14,7 bilhões em 2018. O balanço do ano passado ainda não foi divulgado.