Famosa internacionalmente por suas novelas, a Globo vive uma fase estranha em sua teledramaturgia.
Tem produzido muitas novelas fracas, com audiência abaixo do esperado e sem a tão necessária repercussão na internet.
Suas atuais produções inéditas não se destacam em nada.
Pelo contrário: sobram críticas da imprensa especializada e do público a respeito da trama, do texto, da direção e até da iluminação das cenas.
Problemas internos, como insatisfação de elenco e chilique de autor, passaram a ganhar mais espaço na mídia e nas redes sociais do que as tramas em si.
A audiência das novelas no ar hoje – todas com índice menor que o das anteriores – reflete esse clima de decadência e, ao mesmo tempo, ressalta a insatisfação do público que via nesse gênero popular de ficção o escapismo ideal contra a realidade excruciante.
Por conta do desinteresse, boa parte migrou para as séries dos canais pagos e de serviços de streaming como a Netflix.
O canal do clã Marinho teve sucessos pontuais nos últimos anos, como O Outro Lado do Paraíso, Pega Pega, A Força do Querer e Êta Mundo Bom.
Mas um fenômeno que faça jus ao investimento milionário e ao prestígio da Globo não acontece desde 2012, quando Avenida Brasil mobilizou o País. Outro exemplo é Senhora do Destino, exibida em 2004.
Esses dois folhetins apresentaram enredo criativo e inteligente (os erros não eram maiores do que os acertos), personagens carismáticos, direção firme e engenhosa, conexão com a vida real dos telespectadores.
No caso de Avenida Brasil, houve ainda uma comunicação eficiente com quem acompanhava a novela de olho no Twitter e no Facebook.
A audiência nas plataformas digitais se tornou tão essencial quanto a pontuação no Ibope.
Para a Globo voltar a ser a Globo, precisa revisitar esses produtos bem-sucedidos.
Outra atitude coerente seria encurtar as produções para deixá-las mais dinâmicas.
E, por fim, dar mais espaço a novos autores. A teledramaturgia da emissora precisa urgentemente de frescor.
Veja também: