Quando o brasileiro foi apresentado ao reality show, com a primeira edição da Casa dos Artistas, em outubro de 2001, no SBT, e o lançamento do Big Brother Brasil 1, em janeiro de 2002, na Globo, deparou-se com um espelho na tela da TV, no qual poderia ver o melhor e o pior de si mesmo.
Esse é o ‘segredo’ do sucesso do formato de confinamento de pessoas: instigar a empatia do telespectador para fazê-lo se identificar com algum ou vários participantes, e também provocar o seu ‘lado negro da força’ a fim de que torça contra alguém.
Para os competidores, as primeiras edições representavam um salto no escuro. Mas, com o passar do tempo, começaram a surgir os profissionais do jogo, com estratégias para manipular os colegas de programa e o público. Com isso, o reality show perdeu parte de sua graça. Tudo parecia ensaiado e monótono.
Essa previsibilidade foi para o espaço com o BBB18, exibido no início deste ano. A atração voltou às origens ao apresentar pessoas autênticas e uma disputa eletrizante – menos pelo prêmio, e mais pela soberania de opiniões dentro da casa.
Coincidentemente, A Fazenda 10 também mostra novo fôlego com uma edição tumultuada e cheia de surpresas, incluindo duas polêmicas expulsões.
Os famosos transformados em peões parecem mais interessados na batalha de egos entre eles do que na recompensa financeira. E isso gera ótimos momentos aos telespectadores.
O reality show nada mais é do que uma terapia em grupo sob a observação de milhões de pessoas. Por mais tática que tenha, cada participante fatalmente perde o autocontrole e mostra quem realmente é. A desconstrução de personagens garante o entretenimento que se espera de um programa assim.
Brigas, conchavos, romances, expulsões, filosofices, lágrimas, humor pastelão... Tudo isso garante o escapismo que o público busca ao ligar a TV.
Neste 2018, BBB e A Fazenda cumpriram essa difícil missão. No Ibope, a 18ª edição do Big Brother Brasil registrou a melhor audiência desde o BBB12, e a décima A Fazenda está com a maior média das últimas cinco temporadas. Já impôs várias derrotas à Globo ao ficar isolada em primeiro lugar no ranking.
Apesar da concorrência estrambólica da vida de mentira das redes sociais, o velho formato reality show na TV ainda pulsa.
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