Em algumas circunstâncias, ter inimigos fortes só gera benefícios. É a situação atual da Globo. A principal emissora do clã Marinho não pode reclamar dos ataques disparados pelos dois maiores líderes políticos do País, Lula e Bolsonaro. O fogo inimigo rende boa repercussão.
Em algumas edições deste ano, o 'Jornal Nacional' foi visto por 35 milhões de pessoas nas 15 regiões metropolitanas que compõem o PTN (Painel Nacional de Televisão), de acordo com aferição da empresa Kantar Ibope.
Somente na Grande São Paulo, região mais influente do Brasil, o principal telejornal da Globo chega a atrair até 7 milhões de telespectadores em uma única noite.
A ira incontrolável de Lula e Bolsonaro – e de seus respectivos seguidores – não produziu o boicote previsto. Muita gente afirma não assistir mais aos telejornais da Globo, porém os números mostram interesse crescente nos jornalísticos do canal.
Quando o petista e o presidente atiram críticas e acusações contra a emissora, o tiro sai pela culatra: mais domicílios sintonizam o canal para conferir a possível resposta do todo-poderoso Grupo Globo.
A boa fase do jornalismo da emissora ficou evidente na quinta-feira (28), quando o 'JN' foi a atração mais vista da televisão brasileira. Cravou 31 pontos no Ibope, contra 30,7 de 'Amor de Mãe'. No dia a dia, raramente o telejornal iguala ou supera o índice do folhetim das 21h, tradicionalmente o líder no ranking de público.
O 'Jornal Nacional' ainda se faz tão relevante que Lula e Bolsonaro pediram para ser entrevistados pelos âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos a fim de rebater matérias negativas a eles exibidas recentemente. Foram ignorados, por enquanto.
A efervescência política, a instabilidade econômica, a violência urbana e os riscos ao meio ambiente têm gerado sequência ininterrupta de notícias. Com melhor estrutura e abrangência, o jornalismo da Globo amplia a vantagem em relação à concorrência ao explorar essas temáticas.
Em 2020, os telejornais serão favorecidos pelo interesse popular sobre as eleições municipais no Brasil, os Jogos Olímpicos de Tóquio e a eleição presidencial nos Estados Unidos.
Além disso, o governo de Bolsonaro será pressionado a melhorar os resultados da economia e apresentar novas reformas para diminuir os gastos oficiais. Não faltarão manchetes chamativas para minimizar a ação dos antiGlobo.