O bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, é sinônimo de mansões. A maior delas foi erguida na década de 1990 pelo banqueiro Joseph Safra, morto na quinta-feira (10), aos 82 anos, de causas naturais. Considerado o homem mais rico do Brasil, com fortuna de R$ 120 bilhões, ele fez de sua casa uma verdadeira fortaleza.
Em um terreno de 22 mil metros quadrados, a construção em formato de meia lua lembra aquelas cinematográficas vilas particulares no litoral da Itália e da França. São cerca de 130 ambientes distribuídos em cinco andares ligados por escadas suntuosas e elevadores.
A área externa mais parece um parque com variedade de espécies de árvores e plantas. Em um canto do terreno, a piscina olímpica maior do que a metragem de imóveis da vizinhança. Muros de cinco metros de altura e dezenas de seguranças guardam o palacete. A construção custou o equivalente, hoje, a R$ 50 milhões.
Introspectivo, quase tímido, Joseph Safra, que preferia ser chamado de ‘seu José’, reprovava a superexposição. Publicamente, era visto apenas em eventos corporativos e acontecimentos culturais. Evitava a imprensa. Pouco se sabe de sua intimidade.
Ele fazia parte daquele grupo seleto de ricos (muito ricos) adeptos da discrição. Gostam de luxo, aproveitam bem a vida, porém vivem longe dos olhos de curiosos e dos paparazzi. Fazem questão de privacidade total, abominam o exibicionismo, cultivam poucos amigos.
Joseph era anfitrião de luxuosos jantares em seu palacete. Boa comida acompanhada de vinhos caros. Havia uma única regra aos convidados: nada de fotos. As incontáveis obras de arte nas paredes refletiam sua alma de mecenas. Fez generosas doações a museus, assim como também ajudou hospitais e escolas. Sempre sem alarde.
Foi dessa maneira, longe dos holofotes, que ele construiu um império financeiro e se fez uma lenda no mundo dos negócios. Era considerado o ‘último dos grandes banqueiros’. Saiu de cena igualmente blindado contra a curiosidade alheia.