Imagine a dor de, no mesmo dia, receber a notícia da morte do pai e da mãe, precisar reconhecer os corpos e enterrá-los o mais rápido possível. Esse pesadelo foi vivido pelo administrador Iyad Hajoj, de Manaus, entrevistado ao vivo no Edição das 18h da GloboNews nesta sexta-feira (15).
"Foi o dia mais aterrorizante que não desejo para absolutamente ninguém", disse ele, em lágrimas, ao interagir com a âncora Aline Midlej. "A gente sabe que (os pais) podem ir antes (dos filhos), mas não no mesmo dia e por falta de amor ao próximo. Irreparável enterrar os pais simultaneamente. Não tem quem suporte".
Imigrantes dedicados ao comércio no Amazonas, os pais de Iyad morreram com diferença de apenas 1 hora, em consequência da falta de cilindro de oxigênio no hospital onde estavam internados para tratar da covid-19. O empresário disse não ter sido avisado a tempo da falta do equipamento.
Ele contou que foi contaminado pelo novo coronavírus ao cuidar dos pais. Lamentou que o cidadão que "trabalha honestamente" e "paga os impostos" não tenha direito "ao básico" quando precisa de atendimento hospitalar. "Alguém precisa ser responsabilizado".
No encerramento da entrevista, Aline Midlej reiterou a necessidade de se apurar a responsabilidade em relação ao caos no sistema de saúde da capital amazonense e os erros na gestão nacional do combate da pandemia de covid-19 no Brasil.
Poucos minutos depois, ao participar ao vivo para comentar declaração de Jair Bolsonaro sobre o colapso na saúde de Manaus, a comentarista Natuza Nery se emocionou. "Estou destruída", disse. Ela enxugou as lágrimas e retomou a análise política da situação caótica no País.