O narcisismo é uma característica inerente à elite do futebol. Grandes ídolos do esporte são conhecidos pela idolatria a si mesmos e, consequentemente, por não aplaudirem o talento e o sucesso de adversários. Nesse grupo de ególatras não está Robert Lewandowski. O vencedor do ‘FIFA The Best’ como melhor jogador de 2020 demonstra modéstia e despretensão.
A reação do atacante do Bayern de Munique após derrotar os mais midiáticos Lionel Messi, do Barcelona, e Cristiano Ronaldo, da Juventus, surpreendeu por sua postura singela. Ao invés de incensar o próprio êxito, o polonês citou jogadores que serviram de modelo em sua trajetória de vida e no concorrido universo da bola.“Quando eu era um jovem jogador lembro de ver Ronaldo e Romário jogando e eles foram grandes influências, ídolos para mim”, revelou. “O Brasil sempre teve jogadores incríveis, e eles mostravam um futebol mágico. Eu às vezes jogava com a camisa 11 por causa do Romário, que eu vi inúmeras vezes em campo.”
Ao ser entrevistado em uma live por Thierry Henry, Lewandowski voltou a ressaltar as qualidades de outros atletas. “Queria ser como você, fazer gols como você. Sei que não devemos comparar jogadores, não somos os mesmos, mas eu queria tirar alguma coisa dos melhores jogadores do mundo e tentar fazer o mesmo”, disse ao ex-craque do Arsenal e Barcelona. “Você me ajudou muito, tenho que agradecer.”
Em seu perfil no Instagram, o atacante teve atitude nobre: elogiou Messi e CR7. “Tive a sorte de ter testemunhado em primeira mão as conquistas dos dois maiores jogadores da última década”, postou. São raros os ídolos do futebol que, ainda em atividade, se mostram tão gratos a colegas de profissão. A maioria prefere a autopromoção e minimiza as façanhas alheias.
Paralelamente aos campeonatos há uma acirrada competição de vaidade. No caso do resultado do ‘FIFA The Best’, poucos rivais em campo do camisa 9 do Bayern o parabenizaram publicamente pelo prêmio. Concorrente ao troféu, Cristiano Ronaldo viralizou nas redes sociais ao não disfarçar contrariedade e desprezo pela vitória do polonês na transmissão do evento.
Carismático apesar de tímido, Lewandowski involuntariamente aplicou lições aos ‘pavões’ da realeza do futebol mundial: nem sempre o mais exibicionista vence, todo rei perde batalhas, melhor jogar mais e polemizar menos.