Na recém-encerrada temporada especial do ‘MasterChef Brasil’, sob protocolos sanitários contra a covid-19, Paola Carosella não escondeu a falta de entusiasmo. Transparente, a jurada demonstrou diante das câmeras a insatisfação que a fez, agora, deixar o programa.
Essa sinceridade perceptível prova a nobreza da chef. Poderia, como tantos famosos fazem, permanecer na Band apegada à fama, ao bom salário, às rentáveis ações de merchandising, à vaidade de ter um posto de destaque na televisão. Preferiu ser honesta consigo mesma. Consequentemente, com o público.
Provavelmente, Paola voltará ao ar em breve. Outro canal, novo projeto. Nota-se que ela gosta do vídeo, apenas cansou de fazer a mesma coisa após 12 temporadas (incluindo ‘MasterChef Júnior’, ‘Profissionais’ e ‘A Revanche’) em sete anos. Aos 48 anos, não quer repetição.
Esse admirável desapego de Carosella poderia inspirar inúmeros artistas que há anos fazem mais do mesmo, sem ousar para elevar a carreira a um nível mais alto. Estão presos à estabilidade e ao comodismo. Muitos têm medo de falhar ao tentar inovar.
Atores devem se recusar a interpretar sempre o mesmo perfil de personagem. Apresentadores precisam buscar formatos que os façam se reinventar. Jornalistas têm de olhar a notícia e o entrevistado além do óbvio. Quem não se renova corre enorme risco de mergulhar em decadência e irrelevância.
Há de se praticar o slogan da campanha de fim de ano da Globo em 1991: “Tente, invente, faça diferente”. Paola Carosella acerta ao romper a zona de conforto no ‘MasterChef Brasil’ e sair em busca de novos sabores na vida.