Impossível viver o 28 de dezembro sem lembrar Daniella Perez

Morte da jovem estrela da TV marcou a história da crônica policial, do jornalismo, da teledramaturgia e da Justiça.

28 dez 2019 - 15h15
(atualizado em 29/12/2019 às 08h36)

Em 28 de dezembro de 1992, o Brasil parou diante da TV para acompanhar a cobertura do assassinato de Daniella Perez. A atriz, então com 22 anos, era destaque na novela das 21h da Globo De Corpo e Alma, escrita por sua mãe, Gloria Perez. A personagem Yasmin exalava carisma e inspirou milhões de brasileiros a batizar sua filha com o mesmo nome de origem persa.

A morte brutal da artista, atacada após sair dos estúdios onde o folhetim era gravado, ganhou capítulo especial na crônica policial brasileira. Foi um crime premeditado, com requintes de crueldade, sem direito à defesa da vítima e por motivo torpe. A imagem do corpo de Daniella estirado num matagal, na zona oeste do Rio, jamais saiu da memória das pessoas que acompanharam o caso.

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Os assassinos foram Guilherme de Pádua, que atuava em De Corpo e Alma e iniciava uma trajetória como galã, e a mulher dele, Paula Thomaz, grávida à época. Foram presos, julgados, condenados, cumpriram parte da pena e hoje estão livres. A autora Gloria Perez mobilizou o País em campanha para transformar o homicídio qualificado em crime hediondo. Foram colhidas quase 1,5 milhão de assinaturas. A alteração na lei ocorreu em 1994.

Daniella Perez na última cena que gravou, uma hora antes de ser assassinada
Daniella Perez na última cena que gravou, uma hora antes de ser assassinada
Foto: YouTube / Reprodução

A morte de Daniella, considerada uma revelação como atriz, marcou a teledramaturgia. Uma semana depois de enterrar a filha, Gloria Perez voltou a escrever os capítulos e incluiu na trama críticas à morosidade da Justiça brasileira e à inadequação do Código Penal, que não previa penas exemplarmente pesadas a quem tirasse a vida de alguém.

O jornalismo também foi afetado com o homicídio da atriz. Passou-se a dar mais atenção à violência contra as mulheres. A pauta entrou no radar dos produtores de reportagens. Vinte e sete anos depois daquele assassinato com repercussão midiática, os telejornais exibem quase diariamente casos de feminicídio com final igualmente trágico a tantas e tantas brasileiras.

Relembrar aquele episódio dramático é mais do que uma justa homenagem à atriz. Trata-se de um exercício de cidadania: usa-se esse exemplo famoso para alertar sobre o desrespeito à vida e a importância da punição aos criminosos. Acontecem cerca de 13 homicídios de mulheres por dia no Brasil. Não podemos aceitar essa calamidade, assim como jamais esqueceremos Daniella Perez.

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