As redes sociais registram inúmeras reclamações de profissionais da imprensa revoltados com o tratamento recebido na capital federal durante a posse do presidente Jair Bolsonaro.
Um dos relatos viralizados foi o da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. ‘Um dia de cão’ foi sugestivo título de sua matéria a respeito do que passaram os colegas jornalistas no Congresso e no Palácio do Planalto.
Cada repórter, cinegrafista e fotógrafo precisou levar seu próprio lanche. Nem o tradicional cafezinho foi liberado à imprensa. Cadeiras, nem pensar. A maioria se acomodou no chão acarpetado para suportar as longas horas de espera.
Os jornalistas que cobrem os prédios do governo em Brasília costumavam circular quase sem restrições. Isso mudou.
Durante a posse, eles foram confinados em ‘cercadinhos’ vigiados por seguranças e sob as ordens de assessores implacáveis.
Aliás, a equipe que guiou os veículos de mídia foi explícita: qualquer atitude intempestiva poderia acionar os atiradores de elite posicionados no telhado dos prédios da Esplanada e Praça dos Três Poderes.
Alguns jornalistas, inclusive de veículos estrangeiros, desistiram da cobertura por achar ‘indigno’ o trato com a imprensa.
Na Globo, a narração da posse foi feita pela âncora do Jornal da Globo Renata Lo Prete e o apresentador do Jornal das 10, da GloboNews, Heraldo Pereira.
Especialistas em política, os dois conduziram a transmissão sem atritos e com muitas informações sobre os bastidores do poder. Para todas emissoras, foi uma cerimônia convencional, sem imprevistos.
A partir de agora, os jornalistas acostumados a se entranhar no Palácio do Planalto e até ter contato direto com presidentes precisarão se adequar ao estilo circunspecto de Bolsonaro.
A imprensa já começou a sentir o gosto amargo de ser relegada ao segundo escalão.