A nova edição do Charlie Hebdo traz na capa o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, agarrando Melania Trump. Mais do que isso: uma das mãos dele apalpa um seio da primeira-dama e uma mão dela está dentro da calça do grande rival político de seu marido. Ao fundo, o túmulo de Donald Trump, associado a uma morte por covid-19. Mais provocativo, impossível.
O semanário francês de humor acaba de completar cinco décadas de existência. Não houve festa por conta dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus, uma vez que Paris vive uma segunda onda da pandemia, e também por conta das recentes ameaças contra a equipe de jornalistas e cartunistas.
No dia 25 de setembro, um ataque a faca deixou duas pessoas feridas a poucos passos do prédio onde ficava a antiga sede do jornal, em Paris. O suspeito preso pela polícia confessou a intenção de atingir alguém do Charlie Hebdo. Ele não sabia que a redação não funcionava mais no local.
A mudança aconteceu após o massacre de 7 de janeiro de 2015, quando dois terroristas invadiram o andar do jornal e mataram 12 pessoas. Desde então, os novos funcionários trabalham em lugar desconhecido do público, sob proteção policial.
O ‘Charlie Hebdo’ não poupa ninguém, seja de direita, centro ou esquerda, mas tem predileção por debochar de líderes conservadores. Se por um lado os cartunistas — todos à esquerda no espectro político — abominam aquilo que o presidente republicano dos Estados Unidos representa, eles o têm como fonte inesgotável para suas criações. Difícil imaginar personagem melhor para inspirar charges do que Trump.