Aos 58 anos, com 1,77m de altura e 120 kg, Leo Jaime atrai para si uma série de olhares discriminatórios.
É alvo fácil do etarismo, preconceito contra pessoas mais velhas promovido por quem é de gerações recentes.
O sobrepeso estimula quem defende o rígido (e, quase sempre, perigoso) padrão de magreza propagado na mídia e na sociedade em geral.
E ele suscita ainda aquele machismo intrínseco, às vezes (mal) escondido, que vê com desconfiança um homem que sente prazer em dançar livremente.
Essas três aversões foram derrotadas no domingo (dia 16), quando o veterano roqueiro sagrou-se campeão da Dança dos Famosos no Domingão do Faustão.
O artista e sua professora, Larissa Parison, concluíram a trajetória com uma apresentação impecável de valsa.
Acertaram ao apresentar uma coreografia clássica, simples, sem invencionices criadas apenas para impressionar o júri e o público. “Menos é mais”, disse Faustão, acertadamente.
As supostas limitações físicas de Leo foram superadas com graciosidade, carisma e excelente interação dele com sua partner.
A Dança dos Famosos não é uma competição surpreendente como o Show dos Famosos, no qual os participantes recorrem ao transformismo para encarnar cantores, mas essa edição foi especialmente interessante de se acompanhar.
Os favoritos Mariana Ferrão e Danton Mello não chegaram à final, e a vitória foi de um ‘outsider’.
Sejamos sinceros: no começo ninguém botava fé no desempenho de Leo Jaime ao compará-lo com a silhueta de galã de competidores como Sergio Malheiros, Anderson Tomazini e Nando Rodrigues. O triunfo do cinquentão gordinho calou os fóbicos em geral.
No placar das 15 edições, as mulheres estão na frente: venceram 8 vezes a Dança da Famosos.
Mas o resultado conquistado merecidamente por Leo Jaime mostra que lugar de homem também é na pista de dança – e sem ter vergonha de rebolar.