Uma pergunta indiscreta virou o bordão de Agnaldo Timóteo. “É menino ou menina?”, questionava o cantor a rapazes famosos e anônimos que encontrava nos bastidores dos canais de televisão. A curiosidade, obviamente, era a respeito da orientação sexual. Não se tratava de assédio, e sim de uma bisbilhotice bem-humorada. Ao ouvir a resposta, seja qual fosse, ele soltava sua gargalhada peculiar.
Morto por covid-19 aos 84 anos, Timóteo se tornou uma figura folclórica em programas populares de TV, a exemplo do ‘Superpop’ de Luciana Gimenez, na RedeTV!, onde ‘batia cartão’. Sua presença era garantia de declarações polêmicas e tiradas cômicas. “Agnaldo sempre rende”, diziam os produtores de TV à caça de convidados interessantes.
Impecavelmente vestido, com joias vistosas, perfumado e maquiado, o cantor gostava de ser o centro das atenções. Não precisava se esforçar para atrair o olhar de todos, independentemente do tema do programa. Tinha sempre algo curioso a dizer: uma recordação, uma anedota, uma provocação. Era um showman. Todos no estúdio riam com ele.
Agnaldo Timóteo exalava orgulho de ser um artista popular. Jamais negava um pedido de foto ou autógrafo. Tratava a todos com carinho e igualdade, quebrando a barreira entre ídolo e fã. Com a imprensa, a relação foi de respeito e cumplicidade. Sua vida íntima despertava comentários e até questionamentos ao vivo, porém o artista preferia não falar do assunto. “Não tenho que dar satisfação”, repetia.
Ao longo da bem-sucedida carreira, ele cantou nos principais programas de TV. Foi reverenciado por Chacrinha, Silvio Santos, Hebe, Gugu, Faustão e tantos outros. Minutos depois do anúncio da morte, o cantor e apresentador Ronnie Von foi entrevistado pela âncora Lilian Ribeiro na GloboNews. “Agnaldo fazia das tripas coração para ajudar as pessoas. Fazia caridade sem que ninguém soubesse.”
Ronnie também relembrou quando Agnaldo Timóteo foi para as ruas vender seus CDs, já que não tinha mais o suporte de uma grande gravadora, e o preconceito sofrido por conta de seu repertório popular. “O Brasil é aquilo que ele cantava. Ele foi intérprete de grandes compositores. Cantava com o coração. Muitas vezes, no meu programa, Timóteo cantou chorando. Ele era, de fato, um grande artista e um ser humano impecável.”