Com quase 20 anos de carreira artística, Mony Gester foi surpreendida com as mudanças bruscas impostas pelo novo coronavírus. Enquanto alguns projetos foram adiados ou repensados, ela se surpreendeu com a oportunidade de participar da reta final de ‘Amor de Mãe’. Interrompida em março, por conta da pandemia, a novela das 21h da Globo voltará a ser exibida em 2021. No momento, a equipe trabalha na finalização dos últimos capítulos. Do isolamento doméstico diretamente para os Estúdios Globo, Mony Gester conversou com o blog.
Em post com foto sua nos Estúdios Globo, você escreveu: “Viver é melhor que sonhar”. Fazer novela na emissora sempre foi um sonho?
Essa frase encaixou com perfeição para essa oportunidade que surgiu em meio a tempos tão loucos. Vivo para realizar aquilo que um dia sonhei, e sonho grande, por isso me dedico e trabalho bastante. Hoje, aos 30, tenho orgulho da minha trajetória e consciência do meu propósito enquanto artista. Quero associar meu nome e minha imagem a projetos que reflitam e transformem a sociedade e, com certeza, a teledramaturgia é uma arte poderosa. Os “nãos” que recebo me motivam ainda mais para chegar aonde quero.
Como surgiu a oportunidade de participar de ‘Amor de Mãe’ e o que pode adiantar a respeito?
Fiz teste para novela no final do ano passado e acabou não rolando. Nessa volta das gravações, cheia de cuidados e precauções por conta da covid, a produção contratou um elenco de apoio fixo para finalizar essa história tão especial e, assim, fui convocada.
Sente-se segura durante as gravações? Os rígidos protocolos de segurança afetam de alguma maneira o trabalho do ator?
Me sinto completamente segura no trabalho. Temos que entender essa nova forma de trabalhar, já que estamos vivendo uma pandemia. Todos os possíveis e necessários cuidados estão sendo tomados, didaticamente explicados e supervisionados. O trabalho do ator é mutável o tempo todo e, assim como na vida real, precisamos nos adaptar.
Como está a produção do musical ‘Como é que se diz “Eu te amo”’? Você e seu namorado, Mitt Yamada, conseguiram avançar com o projeto durante a quarentena?
O musical ‘Como é que se diz “Eu te amo”’, de Leo Corrêa, está em fase de captação. Tivemos alguns entraves por conta da pandemia, mas, mesmo em um ritmo mais lento, estamos organizando e caminhando com o projeto. Temos alguns nomes confirmados para o elenco e, em breve, abriremos a seleção para definir os 15 atores. O musical dá vida a histórias baseadas nas músicas da banda Legião Urbana. ‘Santo Cristo’, ‘Johnny’, ‘Jeremias’, ‘Maria Lúcia’, ‘Eduardo e Mônica’, por exemplo, estão na trilha sonora desses adolescentes que têm vidas entrelaçadas na jornada para se tornarem adultos. Muitos temas importantes são levantados e discutidos. Estamos muito ansiosos para ver tudo isso no palco.
Como o distanciamento social e a hiper convivência doméstica mudaram sua visão de mundo, a relação com a arte e seu relacionamento?
A pandemia despertou uma preocupação maior com a nossa família, por estarmos distantes (eles moram em Belém, no Pará), mas felizmente todos ficaram bem. Moro com o Mitt há 4 anos e nossa relação é de muito diálogo, respeito e transparência, sempre foi assim. Como trabalhamos na mesma área e, muitas vezes, no mesmo projeto, estamos acostumados com essa hiper convivência. Brinco que quando a gente precisa de mais espaço, escolhemos um dia e quase não nos falamos, ele fica na sala e eu no quarto, e então a noite voltamos a nos ‘encontrar’ (risos). Na arte, a pandemia sem dúvidas provocou um baque, me desestruturou completamente, já que estava em cartaz com uma peça de produção minha e com planos de viagens. Precisei de um tempo para entender o que estava vivendo, pensar nos meus privilégios e agir. Reencontrei a escrita, um refúgio que tem me salvado até hoje. Coisas que só a arte faz.
Uma dica de filme, série, livro e música para quem está em casa, à espera do fim da quarentena.
Indico o documentário ‘The Game Changers’ (traz informações e curiosidades sobre a vida de atletas veganos); a série ‘Mad Men’, uma das minhas preferidas (retrata o mercado publicitário e o início das mudanças sociais e morais nos Estados Unidos, na década de 1960); ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’, de Allan Kardec, é meu livro de cabeceira e tem me ajudado muito a ressignificar e entender a época que estamos vivendo; músicas indico as dos meus amigos, para já colocar na playlist da quarentena: ‘Conquista’, do Cleo Silva, e ‘3 por 1 real’, da Carol Bambo.