Morreu jovem, mas conheceu a fama, a superação e o respeito

Chadwick Boseman se torna um ícone da valorização do negro e da luta contra o preconceito racial na arte e na vida

29 ago 2020 - 14h51
(atualizado às 14h52)

Diariamente, cerca de 150 mil pessoas morrem no planeta. A história de vida da maioria delas morre junto. Homens e mulheres que permanecerão anônimos, sem que sua existência sirva de referência ao resto do mundo. Isso não acontecerá com Chadwick Boseman.

Chadwick Boseman na capa de algumas das principais revistas do planeta: o sucesso transformado em incentivo na batalha contra a discriminação
Chadwick Boseman na capa de algumas das principais revistas do planeta: o sucesso transformado em incentivo na batalha contra a discriminação
Foto: Reprodução

O ator morto aos 42 anos, em consequência de câncer colorretal, deixou sua marca. Será sempre lembrado e reverenciado como protagonista do primeiro filme de super-herói de ascendência africana do cinema norte-americano e primeiro longa do gênero indicado a Melhor Filme no Oscar.

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Enquanto negros eram alvos preferenciais da violência urbana e vítimas da brutalidade de alguns policiais, Boseman aproveitava o status e a tranquilidade de quem venceu em Hollywood. Ganhou fama, sucesso, dinheiro e glamour. Mais importante: conquistou respeito.

Glória imensurável a um homem preto da Carolina do Sul, um estado com terrível histórico de segregação racial e onde hoje há crescente movimento de supremacistas brancos. Foi de uma pequena cidade daquela área, com apenas 30% de negros na população, que o filho de uma enfermeira e um operário de fábrica saiu para se tornar — anos depois e após árdua batalha — o inspirador rei de Wakanda nas telonas.

“Eu sei o que é ser um menino xingado de ‘crioulo’ por outras crianças”, contou o astro com ancestralidade em Serra Leoa, Nigéria e Guiné-Bissau. Ao invés de se deixar dominar por abatimento e revolta, ele transformou a dor em força. Investiu em sua formação artística para ter as credenciais necessárias a fim de realizar o sonho de viver da atuação. Triunfou.

Com militância coerente e agregadora, fez de sua carreira bem-sucedida, construída à base de dedicação e crença pessoal, um exemplo e um legado. Viveu menos do que gostaria, porém, teve uma vida grandiosa e inesquecível a quem aprendeu a admirá-lo. “Podemos não ter escolhido a hora, mas o momento nos escolheu”, disse o lendário ativista negro pelos direitos civis John Lewis, morto em julho. Chadwick Boseman foi, sem dúvida, um escolhido para fazer a diferença no mundo.

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