Ele nunca foi bonito, mas sempre seduziu todas as plateias. Chamado pela imprensa de ‘feio charmoso’ ou ‘galã feio’, tornou-se improvável símbolo sexual do cinema europeu. O francês Jean-Paul Belmondo morreu de causas naturais aos 88 anos, em Paris.
Ganhou fama internacional em 1960 ao protagonizar o filme ‘Acossado’, de Jean-Luc Godard. O estilo viril, o jeito de cafajeste, o olhar provocativo e o nariz de boxeador hipnotizaram os amantes da sétima arte. Virou um dos principais ícones da Nouvelle Vague (Nova Onda), movimento artístico transgressor do cinema.
No início da carreira, Belmondo passou algumas semanas no Brasil para filmar ‘L’Homme de Rio’ (O Homem do Rio), do diretor Philippe de Broca, lançado em 1964, com sucesso de crítica e bilheteria. Na pele de um piloto em busca da namorada raptada, o ator rodou cenas de aventura no Rio, Petrópolis, Brasília e Amazonas.
Sua ligação com o País se intensificou ao viver um romance na década de 1980 com a atriz cearense Maria Carlos Sotto Mayor, de quem foi amigo até o fim da vida. Hoje, ela trabalha com produção musical nos Estados Unidos e na França.
Jean-Paul viveu um grande drama. Em 1994, sua filha Patrícia morreu no incêndio que destruiu seu apartamento. Ele foi aconselhado a mergulhar no trabalho para não se deprimir. Em 2001, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que o deixou sem falar e debilitado por quase três anos.
Longe dos sets havia 5 anos, Belmondo passou os últimos tempos de vida em seu apartamento no bairro Saint-Germain-des-Prés, na margem esquerda do Rio Sena. Ocupava o tempo com seus cães e a filha Stella, que nasceu quando ele tinha 70 anos.