A onda de críticas à Globo começou nos protestos de 2013, em razão da cobertura jornalística da política. Recrudesceu nas eleições do ano passado e piorou com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência. Nada disso, no entanto, afetou o desempenho de suas novelas no Ibope.
As produções recentes registram índices positivos. As tentativas de boicote ao canal falharam. Tudo indica que muitos adeptos do movimento anti-Globo na internet ‘traem’ o que pregam no dia a dia – não resistem a assistir às novelas da emissora.
As cinco produções diárias estão com audiência parecida ou melhor do que as antecessoras. Destaque para a trama das 19h, Bom Sucesso, com média de 30 pontos, quatro a mais do que a anterior Verão 90.
Às 21h, A Dona do Pedaço colocou a principal faixa de teledramaturgia nos eixos após o deslize provocado por O Sétimo Guardião. No placar de médias, 36 a 29. Crescimento de 20% no Ibope.
Demonizadas pelos conservadores por abordar temas liberais de impacto social, como a aceitação da transexualidade e o combate à homofobia, os folhetins globais ainda são consumidos na maioria dos lares brasileiros.
Na comparação com as novelas das concorrentes RecordTV e SBT, alinhadas ao discurso tradicionalista da direita em ascensão, as produções da Globo chegam a ter até quatro vezes mais telespectadores.
Falar mal do canal da família Marinho e de sua programação virou hábito e até militância. Mas, na intimidade da sala, longe do monitoramento ideológico, o entretenimento oferecido por vilões e mocinhos ainda seduz e hipnotiza gente de todas as nuances políticas.