Em um ano no qual a televisão recorreu às transmissões online para colocar no ar a maior parte das entrevistas, Luiza Trajano foi uma imagem recorrente nos principais canais. A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza teve imensurável visibilidade ao ser consultada especialmente sobre negócios e transformações sociais.
Em julho, na CNN Brasil, a empresária criticou os conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro e os estados na gestão dos efeitos da pandemia de covid-19. Disse ainda que o governo federal deveria “modernizar e desburocratizar” o País ao invés de criar novos impostos.
No mês de setembro foi entrevistada no ‘Conversa com Bial’, da Globo. Defendeu o SUS (Sistema Único de Saúde), propôs debate sobre a violência policial e reforçou o propósito pessoal de combater o racismo. Afirmou que a escravidão impôs sequelas que afetam a sociedade.
“Enquanto a gente não assumir que isso (a exploração dos negros) deixou inclusive um resíduo psicológico de postura... Você apanhava e tinha que servir. E depois vieram muitos anos de colonialismo, ‘eu obedeço e você manda’. A gente tem muito pouco tempo de democracia.”
Dias depois, Luiza participou do ‘Luciana By Night’, na RedeTV. Comentou a respeito de sua calma inabalável. “Quem te irrita, te domina. Então dificilmente alguma coisa me irrita porque eu não deixo me dominar”, disse. Luciana Gimenez gostou da dica. “Adorei, vou usar isso.”
No início de outubro, ela ocupou o centro da arena do ‘Roda Vida’, da TV Cultura de São Paulo. Voltou a defender políticas de inclusão na educação e no mercado de trabalho, como o programa exclusivo de trainee para negros do Magazine Luiza.
“Como podemos colocar mais negros (na empresa) se eles não aparecem? O ponto de partida já é desigual. O Brasil teve uma escravidão de 350 anos, a maioria é de negros, a maioria na periferia”. Na ocasião, criticou a discriminação institucionalizada. “O dia que entendi até chorei, porque sempre achei que não era racista até entender o que é racismo estrutural.”
Luiza virou fonte até de programas femininos, como o ‘Revista da Manhã’, da TV Gazeta de São Paulo. A apresentadora Regiane Tápias perguntou o que as mulheres em geral precisam fazer para diminuir a desigualdade em relação aos homens no mundo corporativo.
“Em primeiro lugar, ela precisa tirar um pouco a culpa. A mulher se sente muito culpada, até de estar crescendo na carreira, de deixar os filhos (em casa)”, respondeu a empresária, famosa pelo estilo maternal com os funcionários.
“Sou filha única e minha mãe tinha inteligência emocional muito legal. Tive três filhos em três anos e meio, trabalhando até aos sábados. Ela disse: ‘Olha, minha filha, não tem receita. Tem mãe que trabalha fora e tem filhos ótimos, tem mãe que trabalha fora e tem filhos péssimos.”
Em dezembro, a líder do Magazine fez participação especial no reality de empreendedorismo ‘Shark Tank Brasil’, do canal Sony. Nos últimos meses, esteve também na tela do ‘Show Business’, da Band, no ‘Livre na Live’, da Cultura, no ‘Negócios & Carreiras’, do SBT Interior.
Atendeu a dezenas de canais de vídeos focados em jornalismo, como os da revista ‘Exame’, do portal progressista ‘247’ e do ‘Estadão’. Ela responde a todos os veículos de comunicação, de pequena ou grande audiência, com a mesma simpatia e interesse.
Aos 69 anos, Luiza Trajano é uma das maiores influenciadoras do País. Ficou em segundo lugar na lista Top Influencers 2020 do LinkedIn, maior rede social de negócios. Atrás apenas do economista, empreendedor e coapresentador do ‘Manhattan Connection’ Ricardo Amorim.
A empresária trabalha na rede Magazine Luiza, fundada por um casal de tios, desde os 18 anos. Assumiu o comando da companhia em 1991. Transformou o negócio familiar em uma potência entre os cinco maiores varejistas do Brasil. Em 2016, passou a presidência para o filho, Frederico Trajano. A empresa vale R$ 178 bilhões.
De acordo com a revista ‘Forbes’, Luiza é atualmente a oitava pessoa mais rica do País, sendo a primeira mulher no ranking. Sua fortuna está estimada em R$ 24 bilhões. Ela apareceu pela primeira vez na lista de bilionários em 2012, quando tinha R$ 1,19 bilhão. Nesses oito anos, seu patrimônio aumentou 2.016%. Neste ano, doou milhões de reais para assistência a pacientes de covid-19 e profissionais de saúde.
Simples sem ser simplória, vaidosa sem ser soberba, a empresária humaniza a figura da mulher de negócios poderosa, geralmente associada a uma figura ríspida e pouco feminina a fim de sobreviver em um universo dominado por homens sob a cartilha do machismo. Aos jornalistas, ela é uma entrevistada importante que sempre rende boas manchetes. Para o público, um exemplo e uma inspiração.