Em lágrimas, Cacau Protásio fez em vídeo postado nas redes sociais um desabafo a respeito do racismo, da gordofobia e do machismo aos quais foi exposta em mensagens de WhatsApp trocadas entre alguns membros do Corpo de Bombeiros do Rio.
A atriz e comediante virou alvo de execrável discriminação – e não vale a pena reproduzir aqui os insultos – após rodar uma cena do filme 'Juntos e Enrolados' no Quartel-Central da corporação. Ela usou farda e dançou ladeada por bailarinos atacados por comentários homofóbicos no mesmo grupo do aplicativo de mensagens.
"E eu não mereço ser agredida assim", disse a artista. "Você pode não gostar, mas você tem que respeitar. E por que esse ódio? Eu juro que não entendo". Em outro trecho, ressaltou seu inconformismo. "Sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, é muito triste".
Por seu gênero, raça e peso, Cacau Protásio desacata a quem acha que pessoas como ela devem ficar à margem. Ela simboliza o atrevimento da ascensão social em um País onde a diversidade não é devidamente representada em círculos de prestígio – inclusive na TV onde se tornou um exemplo bem-sucedido.
Tentar diminuí-la com ofensas é a única resposta dos incomodados. Daqueles que não aceitam corpos fora dos padrões estético e comportamental louvados durante décadas na publicidade, na moda, nas novelas, e transmitidos de geração a geração. A atriz paga um preço alto por pisotear barreiras.
Cacau Protásio conquistou fama ao interpretar a empregada Zezé de 'Avenida Brasil' (2012), atualmente reprisada no 'Vale a Pena Ver de Novo'. A consolidação da carreira na TV aconteceu no 'Vai Que Cola', humorístico do Multishow, onde ela interpreta Terezinha Tizil há sete temporadas.
Sua presença no vídeo, em canais de audiência relevante, ajuda a combater múltiplos preconceitos e inspira pessoas como ela a acreditar que é possível ocupar espaços privilegiados. Mulher pode sim. Negro pode sim. Gordo pode sim. Não é um caminho fácil, mas é possível.