Mulher, negra, gorda e famosa: uma afronta aos intolerantes

Ataques preconceituosos contra a atriz Cacau Protásio ressaltam o acirramento da intolerância no País

28 nov 2019 - 12h17
Cacau Protásio é uma das poucas artistas negras com visibilidade contínua na TV
Cacau Protásio é uma das poucas artistas negras com visibilidade contínua na TV
Foto: @cacauprotasiooficial / Reprodução

Em lágrimas, Cacau Protásio fez em vídeo postado nas redes sociais um desabafo a respeito do racismo, da gordofobia e do machismo aos quais foi exposta em mensagens de WhatsApp trocadas entre alguns membros do Corpo de Bombeiros do Rio.

A atriz e comediante virou alvo de execrável discriminação – e não vale a pena reproduzir aqui os insultos – após rodar uma cena do filme 'Juntos e Enrolados' no Quartel-Central da corporação. Ela usou farda e dançou ladeada por bailarinos atacados por comentários homofóbicos no mesmo grupo do aplicativo de mensagens.

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"E eu não mereço ser agredida assim", disse a artista. "Você pode não gostar, mas você tem que respeitar. E por que esse ódio? Eu juro que não entendo". Em outro trecho, ressaltou seu inconformismo. "Sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, é muito triste".

Por seu gênero, raça e peso, Cacau Protásio desacata a quem acha que pessoas como ela devem ficar à margem. Ela simboliza o atrevimento da ascensão social em um País onde a diversidade não é devidamente representada em círculos de prestígio – inclusive na TV onde se tornou um exemplo bem-sucedido.

Tentar diminuí-la com ofensas é a única resposta dos incomodados. Daqueles que não aceitam corpos fora dos padrões estético e comportamental louvados durante décadas na publicidade, na moda, nas novelas, e transmitidos de geração a geração. A atriz paga um preço alto por pisotear barreiras.

Cacau Protásio conquistou fama ao interpretar a empregada Zezé de 'Avenida Brasil' (2012), atualmente reprisada no 'Vale a Pena Ver de Novo'. A consolidação da carreira na TV aconteceu no 'Vai Que Cola', humorístico do Multishow, onde ela interpreta Terezinha Tizil há sete temporadas.

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Sua presença no vídeo, em canais de audiência relevante, ajuda a combater múltiplos preconceitos e inspira pessoas como ela a acreditar que é possível ocupar espaços privilegiados. Mulher pode sim. Negro pode sim. Gordo pode sim. Não é um caminho fácil, mas é possível.

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