Na TV, Bolsonaro imita voz de Lula e o compara a um jumento

Em entrevista a Sikêra Jr., em Manaus, presidente faz várias ‘brincadeiras’, critica a imprensa e diz quando Forças Armadas podem ir às ruas

24 abr 2021 - 10h33
(atualizado às 10h40)

Na sexta-feira (23), Jair Bolsonaro saiu do roteiro oficial em Manaus para fazer visita não programada a Sikêra Jr. na sede da emissora A Crítica, que já foi afiliada da Record TV e hoje tem programação própria, utilizando alguns conteúdos da RedeTV. A entrevista ao vivo teve duração de 40 minutos.

Bolsonaro abriu espaço na agenda em Manaus para participar da atração de Sikêra Jr., defensor do bolsonarismo
Bolsonaro abriu espaço na agenda em Manaus para participar da atração de Sikêra Jr., defensor do bolsonarismo
Foto: Reprodução/TV

Em momento inusitado, o personagem Jumento, que faz parte da equipe de estúdio do programa ‘Alerta Especial’, foi até o presidente para cumprimentá-lo. Bolsonaro se levantou, deu a mão ao rapaz fantasiado com cabeça de animal, o abraçou e então engrossou a voz a fim de imitar o tom grave do ex-presidente Lula.

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“Companheiro, companheiro”, disse Bolsonaro, repetindo o bordão do petista, com dedo indicando o Jumento e rindo alto. “Em 2002 estamos juntos, hein?”, afirmou. Bolsonaro quis dizer “2022”, ano da próxima eleição à Presidência. Ele e Lula despontam até agora como principais candidatos.

Sikêra fez uma observação. “Presidente, se prepare, essa vai ser a foto (na imprensa). ‘Presidente conhece o jumento’.” Bolsonaro justificou a irreverência. “Estou dando uma descontraída aqui porque, pô... Não queira a minha cadeira, pelo amor de Deus. Eu quero o teu bem.”

O momento em que Bolsonaro associa uma cabeça de jumento ao ex-presidente Lula começa em 12:12 da entrevista no ‘Alerta Especial’

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Quando outro funcionário do canal foi repor água nas taças de Bolsonaro e Sikêra, o presidente comentou a respeito do rapaz com cabelos presos com elástico. “Sei não, hein, sei não”, disse, rindo. “Queima ou não queima? Com aquele rabinho ali, olha o rabinho dele.”

Adiante, o presidente disse que Sikêra estava “gordo”. “Eu não estou gordo”, respondeu o apresentador. “Você tá gostoso”, corrigiu Bolsonaro, rindo. O âncora não perdeu a chance de fazer piada. “Queima ou não queima?”, brincou. O presidente achou graça. “Descontei lindo”, festejou Sikêra.

“Eu ia retrucar aqui, mas vou ficar na minha”, avisou Bolsonaro. “O que é gostoso, é comível. Queima ou não queima?”, debochou em seguida. “Presidente, vamos manter o nível da entrevista. O senhor está passando dos limites”, avisou Sikêra, ainda debochado. “Quando o senhor sair, como vai ficar a minha moral?”

Em momento sério, Bolsonaro reclamou do tratamento recebido dos meios de comunicação e justificou as aglomerações que produz. “Eu converso com o povo. Amanhã vou estar na rua de novo. A imprensa, ao invés de me acompanhar, para falar o que está acontecendo, quando acompanhava, no passado, era para falar ‘tá sem máscara’. Tá de sacanagem?”

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O presidente insistiu no tema. “Eu tô no meio do povo, meu Deus do céu. Eu não posso ficar preso no Palácio da Alvorada, comendo bem, tem tudo lá dentro, e vendo o povo lá fora se virar. Não posso fazer isso. Tô sempre no meio do povo.”

Bolsonaro faz graça ao lado do assistente de estúdio fantasiado de jumento no ‘Alerta Especial’ de Sikêra Jr.
Foto: Reprodução/TV

Bolsonaro prevê para “novembro, dezembro” o lançamento da “vacina brasileira”, anunciada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. O imunizante está em desenvolvimento na Universidade de Medicina de Ribeirão Preto (SP), com tecnologia 100% nacional.

O presidente afirma ignorar tentativas de lobby. “De vez em quando, o cara fura o esquema lá (de segurança) e vem falar comigo. ‘Ó, tem uma vacina muito boa, me arranja uma audiência com o ministro da Saúde’. Entra por aqui, sai por aqui. O que não falta em Brasília é lobista em cima de vacina.”

Bolsonaro falou de assunto polêmico: a possível ação das Forças Armadas na pandemia. “Se tivermos problema, nós temos o plano de como entrar em campo”, explicou. “O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, iremos para as ruas. Não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo o artigo 5° da Constituição”, anunciou.

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“E se eu decretar isso, vai ser cumprido. Direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher. Direito ao trabalho. Liberdade religiosa e de culto. Para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores, de alguns poucos prefeitos. Atrapalha toda a sociedade. Um poder excessivo que lamentavelmente o Supremo Tribunal Federal delegou.”

Jair Bolsonaro e Sikêra Jr. conversaram também sobre um problema de saúde enfrentado por ambos: o uso de uma bolsa de colostomia ao longo de meses. O presidente precisou do acessório que serve para armazenar fezes em consequência do atentado a faca que feriu seu abdômen, em 2018.

“No começo você fica cheio de dedos. Depois entra na normalidade. É barra pesada”, comentou Bolsonaro sobre o manuseio. Sikêra foi obrigado a usar a bolsa em razão de uma cirurgia para retirada de um pedaço de prótese dentária que ele havia engolido acidentalmente.

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