“Nada me faz desistir da música”, afirma Kiko Zambianchi

Cantor faz show em SP, lamenta boicote da mídia e critica “porcarias” que fazem sucesso

31 jul 2018 - 11h21
(atualizado às 11h26)

Ao ser questionado se está completando 30 ou 35 anos de carreira, Kiko Zambianchi responde rindo: “É por aí...”. O número exato não importa, e sim a renovação diária de sua paixão pelo que faz. “Gosto de música, independentemente de ter uma carreira musical”, diz. “Toco em casa, sozinho. A música é o meu alimento para viver.”

Kiko Zambianchi mantém a inspiração para compor mesmo desiludido com o atual cenário musical
Kiko Zambianchi mantém a inspiração para compor mesmo desiludido com o atual cenário musical
Foto: Priscila Prade / Divulgação

Ele apresenta hoje à noite, no Teatro Porto Seguro, no centro da capital paulista, o show Bem Bacana Demais. Vai cantar sucessos do próprio repertório (como as clássicas Primeiros Erros, Eu Te Amo Você e Hey Jude, esta última da trilha da novela Top Model, de 1989), músicas dele gravadas por outros artistas e composições inéditas.

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“Todos os dias, quando pego o violão, eu não toco canções que já fiz ou conheço. Sempre começo a compor, gosto de produzir novidade”, conta. Atento a todas as camadas de produção fonográfica no Brasil, reclama daquilo que faz sucesso atualmente: “Não temos controle de qualidade. Precisamos fazer uma autocrítica. Há porcaria atrás de porcaria. A imprensa não se interessa pela boa música”. 

Sem medo de desagradar, vai além em sua análise: “A maioria das boas bandas não existe mais ou ninguém ouve falar. Outro dia, uma pessoa de Portugal me perguntou ‘o que vocês estão fazendo com a música brasileira?’. Precisamos mudar isso”.

Kiko lastima que o foco da maioria das carreiras está na personalidade do pop star, e não na produção artística. “Os cantores aparecem mais pelo que dizem, por suas polêmicas ou pelas bandeiras que levantam, do que propriamente pela música que fazem”.

Apesar de a MPB e o rock terem perdido espaço em rádios e TVs, ele enxerga renovação de público. “Há muitos jovens de 14, 15 anos que conhecem minhas músicas novas pela internet, antes mesmo de serem lançadas oficialmente. Existem pais que, felizmente, se preocupam em mostrar aos filhos uma música de qualidade, muito além daquilo que se vê na mídia.”

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O universo online também é alvo de uma crítica do cantor: “A internet toma um espaço absurdo nas nossas vidas. A pessoa prefere assistir ao vídeo de uma piada ao invés de ouvir uma música. Se interessa mais pelo escândalo sobre a intimidade do artista do que por suas canções”.

Curioso, o cantor sempre gostou de caminhar pelas ruas em busca de inspiração. Mas revela que esse ritual de observação do mundo se tornou inviável. “Hoje é perigoso andar por aí, não dá pra marcar bobeira. Lamento que a gente não possa mais viver normalmente.”

Kiko Zambianchi está na linha de frente da resistência contra a banalização da música brasileira. São 30 anos, talvez 35, ou mais, dedicados a transformar inspiração em belas melodias e letras. “Nada me fará desistir de compor”, decreta.

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Show Bem Bacana Demais, com Kiko Zambianchi (Músicos: Paulinho Zambianchi, Ney Haddad, Eduardo Escalier e André Youssef). Hoje às 21h00 no Teatro Porto Seguro. Informações: (11) 3226-7300.

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