“Ativo, passivo ou versátil?” é a pergunta de 1 milhão de dólares no universo gay. A informação mais consultada nos perfis de usuários de aplicativos de pegação e namoro como Grindr, Hornet e Scruff.
O Porta dos Fundos transformou a suposta escassez de "homos ativicus” em sátira. (Atenção: spoiler a partir daqui.) No vídeo ‘O Último Ativo’, disponibilizado no canal do grupo no YouTube, um homem do futuro (Fábio de Luca) surge de repente na tela do laptop de um rapaz interpretado por Joel Vieira. O jovem abordado se tornará em breve o último ‘100% ativo’ no planeta.
“Ó grande Léo, nós temos templos do seu nome com sua vida nos vitrais. Monumentos com seu corpo esculpido. Feriados em sua homenagem, filmes, novelas...”, conta o enviado. Ele explica que uma “peste” transformou todos em versáteis ou passivos.
“No futuro todo mundo é gay?”, pergunta Léo, surpreso. “Quase todo mundo, graças à Globo. Plim plim”, responde o sujeito misterioso. “Mas nós temos alguns héteros também que criamos numa espécie de Matrix conservadora, para criar gado, para procriação. Esse lugar chamamos de Paraná.”
Para decepção do representante da maioria gay do futuro, Léo acena com a possibilidade de também ser ‘flex’, ou seja, transitar entre as posições ativa e passiva na hora do sexo. “Alô base, chegamos tarde demais”, diz o emissário usando um comunicador.
Após a vinheta, há uma provocação aos evangélicos e uma incontestável crítica, quase literal, à Igreja do bispo Edir Macedo, dono da RecordTV, rival da Globo no Ibope e na guerra de ideologias no Brasil polarizado. O ator Estevam Nabote vive um pastor que faz pregação nada convencional.
Produzido por progressistas (alguns declaradamente anti-Bolsonaro), o Porta dos Fundos brinca com a acusação feita por conservadores e direitistas de que a Globo influencia a sexualidade dos telespectadores ao discutir e promover pautas LGBTQIA+ em sua programação, principalmente por meio de personagens de novelas e séries.