No governo, Regina Duarte vive o drama das Helenas da TV

Atriz transformada em secretária de Cultura enfrenta a pressão de bolsonaristas e a insatisfação da classe artística.

29 abr 2020 - 12h19
(atualizado às 12h21)

'Cadê a Regina?' virou bordão e inspirou memes. Vários artistas têm lançado essa pergunta — com ironia e às vezes sob irritação — para questionar a falta de apoio oficial da secretária de Cultura Regina Duarte aos profissionais de TV, teatro, cinema e outros segmentos das artes.

Ela também enfrenta o chamado fogo amigo. 'Bolsonaro apoia pressão de aliados para que Regina Duarte deixe o cargo' informa a Folha de S. Paulo. A dificuldade da atriz em obter apoio da ala ideológica do governo seria o principal motivo de sua instabilidade no cargo e do vácuo com Bolsonaro. A eterna namoradinha do Brasil que 'noivou' com o presidente da República corre o risco de enfrentar um divórcio precoce e traumático.

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Futuro de Regina Duarte (em cena de Por Amor) no governo de Bolsonaro virou um folhetim que pode não ter final feliz
Futuro de Regina Duarte (em cena de Por Amor) no governo de Bolsonaro virou um folhetim que pode não ter final feliz
Foto: Isac Nóbrega / Presidência da República e Divulgação / TV Globo / Reprodução

De acordo com informações de vários veículos de comunicação houve amplo distanciamento entre o presidente e a secretária. Um exemplo simbólico da crise na relação entre os dois foi a ausência de Regina no pronunciamento de Bolsonaro no fim da tarde de sexta-feira (24), em Brasília, para rebater as acusações do demissionário Sergio Moro. Todos os ministros e principais secretários se colocaram ao lado do presidente para mostrar apoio ao chefe diante das câmeras. A atriz não apareceu. Estava em São Paulo, de onde tem despachado por videoconferência.

Na noite de terça-feira (28), ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro comentou com apoiadores e jornalistas a respeito da ausência da secretária de Cultura no epicentro do poder, em Brasília. "Queria conversar mais com ela", disse. O diálogo também é a reivindicação de atores que trabalharam ou conviveram com Regina na TV Globo. Cobranças partiram de Christiane Torloni, Lima Duarte e Marcos Caruso, entre outros famosos. Por enquanto, a secretária não se pronunciou para acalmar os artistas contrariados com sua gestão em tempos de paralisação da produção cultural por conta da pandemia de covid-19.

Regina Duarte vive um impasse: agradar a Bolsonaro ou satisfazer a classe artística predominantemente ligada à esquerda? Essa situação lembra os dramas das três Helenas que ela interpretou em novelas do autor Manoel Carlos. As protagonistas de História de Amor (1995), Por Amor (1997) e Páginas da Vida (2006) estavam sempre no fio da navalha, sob forte estresse por conta de segredos e demandas. Sentiam-se divididas, fragilizadas, amarguradas. A presença de Regina Duarte no governo Bolsonaro ganhou elementos de um novelão.

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