Poucos ambientes são tão potencialmente perigosos para a saúde mental de uma pessoa quanto um set de filme, seriado ou novela. Os bastidores de uma produção de sucesso quase sempre são baseados em egocentrismo, arrogância e humilhação. Em Glee não foi diferente: o clima angustiante atrás das câmeras vem à tona cinco anos após o fim do show musical da Fox.
Um post da protagonista Lea Michele (Rachel) em apoio aos protestos antirracistas e ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) suscitou reações de ex-companheiros de elenco. A atriz foi acusada de ter sido racista em vários momentos. Surgiu ainda uma reclamação de transfobia. Outros colegas de Glee revelaram situações constrangedoras a partir de comentários e atitudes dela.
Lea Michele, que não teve outro sucesso na TV depois do seriado com temática LGBTQI+, pediu desculpas, mas não convenceu. Foi 'cancelada' nas redes sociais e sua carreira morna pode decair de vez. Em consequência da onda de denúncias, ela já perdeu um contrato de publicidade. O dano à sua imagem é incalculável.
O fascínio em torno de Glee começa a derreter. Quem também contribui para desconstruir a visão tatibitati sobre o seriado é Marti Noxon. Em uma série de tweets, a ex-produtora do programa afirmou que vários homens colaboraram para implementar a cultura do bullying nos bastidores. "Alguns agressores tinham permissão para agir daquela maneira", comentou.
Não deu nomes, mas insinuou que eram atores, diretores e chefes da produção. Em evidente crítica ao machismo e ao corporativismo masculino, Noxon sugeriu que os "valentões" que tinham "mau comportamento" no set deveriam ser chamados a se explicar em público. Pelo visto, essa história não acaba aqui. O divertido Glee ganha contornos repugnantes.