Novela da Globo faz surpreendente alusão ao filme Coringa

Amor de Mãe usa até ópera para traçar um paralelo entre as catarses dos personagens Álvaro e Arthur 'Joker' Fleck

23 fev 2020 - 15h01
(atualizado às 16h05)

No filme Coringa, após reagir a provocações e matar três yuppies de Wall Street num vagão de metrô em Nova York, o palhaço Arthur Fleck corre por ruas escuras do subúrbio da metrópole. Tranca-se em um decadente banheiro público e, tomado pela adrenalina, entra em uma espécie de transe.

Ele faz uma dança macabra ao som de um solo de cello. O momento solitário marca a transformação do personagem: o introspectivo e pávido Arthur assume a partir dali a personalidade do assustador e perigoso Coringa.

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No capítulo de Amor de Mãe exibido sábado (dia 22), a autora Manuela Dias fez alusão à cena do drama que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix pela atuação magistral.

O vilão Álvaro (Irandhir Santos) imitou alguns movimentos feitos por Arthur/Coringa na introdução da virada do personagem no folhetim das 21h da Globo.

Álvaro se contorce como o Coringa em momento de transição do patife de Amor de Mãe
Álvaro se contorce como o Coringa em momento de transição do patife de Amor de Mãe
Foto: GShow / Reprodução

O 'careca' dançou sozinho, em seu quarto, embalado por um trecho da ária O Mio Babbino Caro, da ópera Gianni Schicchi, do compositor italiano Giacomo Puccini.

Na parte final executada na cena, a letra diz "Oh, Dio, vorrei morir". Em português, "Oh, Deus, eu gostaria de morrer". "Esse Álvaro precisa morrer para nascer um novo Álvaro hoje", explicou o crápula à sua cúmplice Penha (Clarissa Pinheiro), no mesmo capítulo.

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Mais tarde, ele foi atingido por um tiro milimetricamente combinado. O ápice da armação para limpar sua imagem pública ao ser visto como salvador da vida de seu novo inimigo, Raul (Murilo Benício). Golpe de mestre.

Arthur vira Coringa na sequência de poesia e terror vista no aclamado filme estrelado por Joaquin Phoenix
Foto: Divulgação

E ainda há quem diga que a teledramaturgia brasileira não tem qualidade artística. Amor de Mãe se revela acima da média na construção das tramas, nos diálogos, nas referências, nas interpretações e na direção. Uma novela que exige ser compreendida para então ser admirada. Sorte do telespectador que aceita o desafio.

(A quem quiser ouvir a ária O Mio Babbino Caro, sugiro assistir no YouTube a vídeos de apresentações das sopranos Maria Callas e Montserrat Caballé. Ambas ajudaram a imortalizar a obra com atuações primorosas.)

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