“Novela, isso ainda existe?”, “Parei de ver porque emburrece”, “Na minha casa só assistimos à Netflix”.
Frases assim são comuns no Twitter e Facebook. Há um ruidoso boicote virtual contra o gênero mais popular da teledramaturgia.
No entanto, os números do Ibope revelam audiência crescente das novelas atuais da Globo, SBT, RecordTV e Band.
Conclui-se que muitas pessoas adoram falar mal online, porém, não resistem a acompanhar as tramas mirabolantes.
Outros são noveleiros fiéis incógnitos. Fazem o possível para passar despercebidos por temer justamente o julgamento alheio.
Há ainda aqueles que dizem ver só “de vez em quando”, mas sabem detalhes minuciosos de cada capítulo.
Tem ainda os que realmente não acompanham com frequência, mas se atualizam ao ler os resumos e assistir aos vídeos disponibilizados pelas emissoras.
A verdade é que, mesmo sob ataque e com cada vez mais concorrentes, a telenovela ainda se mostra indispensável na rotina de milhões de lares brasileiros.
Serve como escapismo barato. Produz alguns momentos de alienação benéfica em relação à realidade torturante.
Concede a oportunidade de viver a vida de mocinhas, galãs, vilões e tipos cômicos. Faz rir, emociona, surpreende, acalma.
Às vezes, vai além: suscita questionamentos internos a respeito de temas polêmicos.
Neste caso, o telespectador é arrancado da letargia conveniente — a ficção o faz se posicionar na vida real.
Sucesso do momento, A Dona do Pedaço chega a atrair, numa única noite, mais de 7 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo.
Por isso as grandes marcas preferem veicular seus anúncios nos intervalos das principais novelas. A imensidão de público garante o retorno desejado.
Faz décadas que propagam por aí — agora especialmente nas redes sociais — que a velha novela está com os dias contados.
Por enquanto, ‘mimimi’ de quem não aceita o sucesso do formato. As cenas dos próximos capítulos mostram que as novelas não terão final infeliz tão cedo.