O adeus a Neverland, o rancho dos sonhos e supostos abusos

Polêmicas fizeram a propriedade ganhar fama de ‘maldita’ e ser vendida por apenas 20% do preço inicial

25 dez 2020 - 13h28

Desde a morte de Michael Jackson, aos 50 anos, em 25 de junho de 2009, por intoxicação de medicamentos, o espólio do cantor faturou 2,3 bilhões de dólares, o equivalente a R$ 11,9 bilhões. Mas um item do patrimônio só desvalorizou nesse período. O rancho Neverland, em Los Olivos, 200 km a noroeste de Los Angeles, na Califórnia, acaba de ser vendido por 22 milhões de dólares (R$ 113 milhões), muito abaixo do valor proposto 5 anos atrás, 100 milhões de dólares (R$ 517 milhões).

Michael Jackson e a estação de trem ao fundo: Neverland era onde o cantor se sentia livre
Michael Jackson e a estação de trem ao fundo: Neverland era onde o cantor se sentia livre
Foto: Fotomontagem / Blog Sala de TV

O comprador foi o empresário e investidor Ron Burkle, 68 anos, dono de fortuna de 1,4 bilhão de dólares (R$ 7,2 bilhões). Amigo da família Jackson, ele atuou como consultor financeiro de Michael durante alguns anos. Apaixonado por arquitetura, o magnata é famoso por comprar propriedades conceituadas, como casas projetadas pelo lendário Frank Lloyd Wright. Burkle frequentava Neverland assim como MJ era visto nas festas da mansão do bilionário em Beverly Hills.

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Comprar o rancho teria sido um favor a Katherine, 90 anos, matriarca do clã Jackson. Ela queria havia tempo se livrar dos quase 11 km² de terras onde seu filho mais famoso e problemático construiu um mundo paralelo inspirado na Terra do Nunca de Peter Pan. Neverland virou sinônimo de problemas e más lembranças.

As antigas acusações de que Michael levava meninos ao local para abusar sexualmente deles ganharam mais força e manchetes com o documentário Leaving Neverland (Deixando Neverland), lançado em 2019. O filme traz depoimentos devastadores de Wade Robson e James Safechuck. Ambos relataram ter sido violentados pelo ídolo pop em visitas ao rancho quando eram crianças. Os advogados de MJ negaram a veracidade das denúncias.

Acima, o rei do pop no jardim da casa principal e, abaixo, a fachada da sede em estilo germânico
Foto: Reprodução / Architectural Digest

A aura mágica de Neverland, com seu parque de diversões, estação de trem e zoológico, ganhou contornos sombrios e decadentes. O lugar onde o absorto Michael Jackson se refugiava da realidade — e destino dos sonhos de qualquer fã do artista — não atraiu interessados em revitalizá-lo. Está excessivamente associado a uma imagem pejorativa.

Comprado em 1988, e reformado ao longo de anos, o rancho agora tem destino incerto. Ron Burkle gosta de adquirir imóveis arruinados, reformar e vender por boa margem de lucro. O empresário ainda não revelou o projeto para o ex-mundo encantado de Michael Jackson. Enquanto isso, o diretor Dan Reed filma a sequência do documentário explosivo Leaving Neverland. A Terra do Nunca jamais voltará a ser a mesma.

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