Domingo, 30 de janeiro de 2021. A imprensa e as redes sociais criticam duramente Bruno Covas por ter ido ao Maracanã assistir à final da Copa Libertadores entre Santos e Palmeiras.
No dia seguinte, os principais telejornais usam tom desaprovador para noticiar a presença do prefeito de São Paulo, paciente de câncer, no estádio.
Disseram, entre outras coisas, que ele arriscava a própria vida e contrariava a orientação passada aos paulistanos que o elegeram para evitar aglomeração por conta da pandemia de covid-19.
Bruno Covas foi julgado e condenado. ‘Cancelado’, para usar um termo da moda. Nós, jornalistas, conhecidos pela arrogância e a imposição da própria verdade, não enxergamos o que havia atrás do óbvio.
Ali, era um pai ciente da gravidade de sua doença — e da possível iminência da morte — em um momento que dificilmente se repetiria com o filho único, um adolescente apaixonado por futebol.
Hoje, ao ver na TV o menino Tomás debruçado sobre o caixão, a realidade se sobrepõe: Bruno Covas estava certo em aproveitar aquela ocasião especial com o filho. Certamente será uma das melhores lembranças que o garoto terá do pai.
À imprensa cabe refletir a respeito de sua postura arbitrária. Imprescindível interpretar os sentimentos por trás dos atos. Fundamental considerar a intenção sob os gestos. Definitivamente, informar não deve ser desqualificar. Precisamos de mais empatia e gentileza uns com os outros.