Ao surgir no núcleo de matadores de aluguel de A Dona do Pedaço, Leandro se gabava do apelido Mão Santa – referência à ótima pontaria para ‘entregar as encomendas’.
Quando o rapaz se mudou do interior capixaba para São Paulo, passou por uma interessante transformação dramatúrgica. Decidiu parar com a vida sanguinária e aceitou o emprego de faxineiro numa academia de playboys.
Além disso, descobriu-se homossexual a partir do afeto desenvolvido pelo homem que o acolheu, Agno (Malvino Salvador). Um sentimento não correspondido.
Sem família biológica e carente de todos os tipos de amor, o ex-pistoleiro é o personagem mais melancólico da novela. Ele implora por um colo, porém, ninguém parece disposto a acalentá-lo.
Guilherme Leicam valoriza a boa criação do autor Walcyr Carrasco com uma atuação sensível, baseada em olhares e silêncios. Torna crível a personalidade ambígua de quem é capaz de matar e, ao mesmo tempo, sente a corrosão do desamor.
São tipos assim, complexamente humanos, que poetizam a teledramaturgia. Leandro é um ingrediente agridoce na receita bem-sucedida de A Dona do Pedaço.
Sabe-se que o personagem atuará para desconstruir a homofobia de Cássia (Mel Maia), a filha introspectiva de Agno. Mais do que entretenimento, a novela oferece relevante conscientização social em tempos de violenta intolerância no País.