Em 5 de fevereiro, o post ‘Estratégia de Bolsonaro deixa Bonner e Renata sem respostas’ destacou a indisfarçável indiferença da cúpula do Executivo com o principal telejornal da Globo. “Uma mesma frase sai quase todas as noites da boca dos âncoras do Jornal Nacional: ‘O Palácio do Planalto não quis comentar’. Há uma variante: ‘O Palácio do Planalto não quis se manifestar’. William Bonner e Renata Vasconcellos informam ao público sobre o silêncio da Presidência da República após matérias com contestações sobre atitudes de Jair Bolsonaro ou atos de seu governo”, analisou o trecho inicial.
O agravamento da pandemia no Brasil e a pressão de outros poderes geraram mudança de postura do presidente. Seus subordinados, entre eles os ministros, têm respondido ao ‘JN’. Um exemplo disso aconteceu na edição de quinta-feira (1). Matéria sobre o alto índice de contágio pelo coronavírus entre os servidores do Palácio do Planalto fez os assessores de Bolsonaro agirem com rapidez. Poucos minutos após a repórter Camila Bomfim passar as informações, uma nota oficial foi lida pela âncora Mariana Gross (Bonner e Renata estão de folga nesta Semana Santa).
“Eu não assisto à TV Globo”, afirmou Bolsonaro algumas vezes. Mas muita gente nos palácios de Brasília dá audiência ao canal da família Marinho. Ontem, a agilidade ao redigir e enviar o esclarecimento ao ‘JN’ — com o objetivo óbvio de que a resposta fosse levada ao ar — ressalta o maior zelo do governo por sua imagem pública e o poder de influência do telejornal assistido por cerca de 50 milhões de brasileiros todas as noites. O ‘Jornal Nacional’ atrai três vezes mais público do que o segundo telejornal mais visto no País, o ‘Jornal da Record’, e suas pautas repercutem fortemente na internet. ‘Se você não pode vencer seu inimigo, una-se a ele’, ensina aquele ditado popular.