Na noite de terça-feira (31), quando Tiago Leifert anunciou a eliminação de Felipe Prior, o Big Brother Brasil registrava pico de 32 pontos no Ibope, de acordo com dados prévios. Esse índice representa 6,4 milhões de telespectadores em 2,3 milhões de domicílios da Grande São Paulo.
O décimo Paredão da atual edição virou um duelo ideológico, voto a voto, entre Prior e Manu (a terceira emparedada, Mari Gonzalez, foi mera coadjuvante). Aqui fora, o embate gerou vários tipos de disputa: entre homens e mulheres, feministas e antifeministas, bolsonaristas e os antiBolsonaro. A polarização política chegou ao reality show mais amado e odiado da televisão brasileira.
O recorde de 1,5 bilhão de votos computados — como se cada um dos 217 milhões de brasileiros tivesse votado sete vezes — prova a renovação do programa após algumas edições decepcionantes. O BBB virou o jogo.
Não se trata de gostar do formato, e sim de admitir seu poder de mobilização e influência. Hoje em dia, raras são as produções de TV com capacidade de tirar o telespectador da letargia. Nem as novelas empolgam como antes.
O sucesso do BBB20 se deve, também, ao momento vivido no País. Confinado em casa, com medo da epidemia de covid-19, o cidadão busca uma via de escapismo para fugir da realidade angustiante. Encontra algum conforto efêmero no reality show que ambiciona revelar o melhor e o pior de cada participante — e que, às vezes, faz o mesmo em que o assiste.