Pelas Ruas de Paris hipnotiza por sua convulsão de imagens

Drama disponível na Netflix insere acontecimentos históricos recentes da França em psicodélica trama de amor

29 mar 2020 - 12h17
(atualizado às 23h58)

"O amor é uma transição", diz a jovem Ana (Noémie Schmidt) em certo momento de Pelas Ruas de Paris (Paris est à Nous), da diretora Elisabeth Vogler. Transição de qual lugar para o quê? O que sobra e o que muda após essa metamorfose? O longa francês não oferece respostas prontas, mas é bem-sucedido ao apresentar os questionamentos a fim de suscitar reflexões e, qui sait?, uma possível conclusão.

Ana e Greg tentam ficar juntos apesar das diferenças que parecem inconciliáveis
Ana e Greg tentam ficar juntos apesar das diferenças que parecem inconciliáveis
Foto: Divulgação

O roteiro gira em torno da paixão de Ana por Greg (Grégoire Isvarine). Ela quer apenas um romance leve. Já o rapaz não se contenta somente com sentimentos. Quer desperta nela a ambição por uma carreira, o interesse em ganhar muito dinheiro e fazê-la enxergar que a Paris onírica não é o lugar ideal para viverem.

Publicidade

Os beijos são trocados por discussões. A doce Ana se torna cada vez mais insegura, amarga, perdida. E a Cidade-Luz, também conhecida como Cidade dos Amantes, entra em ebulição. A ficção ganha contexto documental com cenas dos protestos de rua em reação a ataques terroristas na capital francesa e flashes das manifestações contra o governo do presidente Emmanuel Macron.

No meio do tenso romance, Ana se vê absorvida pelos verídicos protestos de rua que estremeceram Paris
Foto: Divulgação

Especialmente nesse trecho se vê uma cinematografia belíssima, com a câmera às vezes posicionada de cabeça para baixo, subversiva como a própria mente da protagonista. A parte final parece uma queda livre entre os traumas e temores de Ana — ou uma 'viagem' à base de alguma droga recreativa.

Pelas Ruas de Paris não foi feito para agradar. Pode frustrar quem busca uma narrativa linear e óbvia. Mas proporciona uma experiência visual interessante ao espectador que embarca na proposta pretensiosa do roteiro e da direção. Além disso, acerta ao mostrar uma Paris real, pulsante, e não aquela idealizada nos posts turísticos no Instagram.

Blog Sala de TV - Todo o conteúdo (textos, ilustrações, áudios, fotos, gráficos, arquivos etc.) deste blog é de responsabilidade do blogueiro que o assina. A responsabilidade por todos os conteúdos aqui publicados, bem como pela obtenção de todas as autorizações e licenças necessárias, é exclusiva do blogueiro. Qualquer dúvida ou reclamação, favor contatá-lo diretamente no e-mail beniciojeff@gmail.com.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se