A televisão brasileira está cheia de, com o perdão da expressão, vaquinhas de presépio. São artistas e jornalistas com função meramente decorativa. Pouco ou nada contribuem.
Por isso, quando alguém ousa ser ‘fora da curva’ vira alvo fácil de críticas dos colegas, do público, da imprensa. O desfecho é quase sempre o mesmo: a demissão, o ostracismo.
Mara Maravilha não é, definitivamente, uma pessoa agradável de ser ver no vídeo. Ela insiste em discordar, provocar, polemizar. Irrita quem está ao seu lado diante das câmeras e muitos dos telespectadores. E, por mais contraditório que pareça, está aí a sua relevância.
A apresentadora cumpre um papel que ninguém quer para si justamente por suscitar impopularidade: ser do contra, desafiar o politicamente correto, contestar o comportamento pasteurizado de quem pretende forjar uma imagem positiva na TV.
“A Mara Maravilha é um caso que eu não sei por que até hoje ainda está nessa empresa", disse, em tom de brincadeira, o patrão Silvio Santos. “Ninguém a suporta.”
Quem não age o tempo todo para agradar se torna desagradável na opinião da maioria das pessoas. Mas o dono do SBT, pragmático como poucos, sabe que essa é justamente a maior qualidade de sua ex-estrela de programa infantil.
Tomara que Maravilha não seja banida, como aconteceu com outros artistas ‘impertinentes’, a exemplo de Luana Piovani e Rafinha Bastos. A TV seria mais interessante se desse espaço a personalidades fortes como a deles.