“Olá, tudo bem?” era um dos bordões de Paulo Henrique Amorim. A introdução alegre contrastava com o jeito incisivo – às vezes pessimista – de analisar os fatos e emitir opiniões.
Em quase 60 anos de carreira, o jornalista consolidou estilo próprio diante das câmeras. Mas foi nos vídeos gravados para a internet que era mais autêntico: revelava-se debochado e sem autocensura.
Alinhado à esquerda, ganhou muitos haters anônimos e desafetos famosos nos últimos tempos. Parecia não se abalar. Polemista assumido, ia na contramão de colegas falsamente imparciais.
Em uma época na qual muitos âncoras e comentaristas simulam isenção por conta do politicamente correto, Paulo Henrique Amorim dava a cara a tapa e pagava um preço alto por ser fiel às suas convicções.
Foi repórter, correspondente internacional, âncora de telejornal e, até recentemente, apresentava o Domingo Espetacular, de onde foi afastado há duas semanas.
A cruzada ruidosa de PHA contra o presidente Jair Bolsonaro, apoiado pelo bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal e dono da RecordTV, pode ter sido o motivo do fim do ciclo na revista eletrônica.
Sua ex-casa, a Globo, era outro alvo frequente. Execrava o domínio do canal no Ibope e a influência da família Marinho sobre milhões de brasileiros.
Ideologias e equívocos à parte, o jornalista acrescentava conteúdo relevante ao debate nacional, especialmente na crônica política. Ele tirava as pessoas da letargia a fim de fazê-las tomar posição.
Sua morte, aos 77 anos, cala uma voz importante no telejornalismo. A imprensa precisa de profissionais que façam a diferença – e não de meros repetidores de notícias oficiais.
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