Quarta-feira, 16 de outubro de 2019. A maior atriz brasileira do teatro, cinema e televisão completa nove décadas de vida.
A carioca Arlette Pinheiro da Silva se fez Fernanda Montenegro e gravou com fios de ouro seu nome artístico na história das artes dramáticas do País.
Entre as dezenas de personagens na teledramaturgia, uma garantiu lugar privilegiado na seleta galeria de piores (e maiores) vilãs: Bia Falcão, de Belíssima (2005-2006).
A empresária era elegante e pérfida, glamourosa e sociopata, charmosa e maquiavélica.
Foi capaz de destruir intencionalmente a felicidade de pessoas próximas e simular a própria morte a fim de se safar. No final, nada de punição.
Terminou impune e ainda mais debochada nos braços do garoto de programa Matheus, vivido por Cauã Reymond, numa suíte luxuosa em Paris. Ulalá!
Preconceituosa até a última borrifada de laquê, Bia Falcão ofereceu ao público momentos inesquecíveis.
Um deles foi durante um desabafo com um cúmplice, quando ela destilou seu veneno letal.
“Pobreza pega! Pega! Pega como sarna. Pega como um vírus. Entra pela pele, pela respiração. Não toco em nada pra não me contagiar.”
Em entrevista ao canal Viva, Fernanda Montenegro comentou a experiência de interpretar mulheres tão odiosas.
“Vilã, para ser boa, tem que vender a alma ao diabo”, afirmou. “Sem vilã não há história. O que é uma vilã? Uma provocadora de crises, tanto na tragédia grega quanto numa novela. Se aquela maldade ali, como é que vai se contar uma história?”
A mais recente vilã de Fernanda Montenegro foi a quase centenária Dulce, na primeira fase de A Dona do Pedaço. Inicialmente, parecia uma bondosa e frágil matriarca.
Logo revelou-se sanguinária. Em nome da disputa por poder e sanha de vingança, atirou no noivo da neta Maria da Paz (Juliana Paes) e depois chacinou sozinha a família do rapaz.
Sempre que Fernanda Montenegro termina um trabalho na TV, a gente se pergunta: quando será o próximo? É sempre uma experiência mágica vê-la em cena.
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