Podem criticar, mas eu defendo a TV que Luciano Huck faz

Caldeirão denuncia problemas que a maioria dos brasileiros finge não ver para não ter o trabalho de combater

22 abr 2019 - 16h03

Luciano Huck é um homem da elite. Ponto. Ele não escolheu nascer em uma família de classe média alta e intelectualizada. Mas paga o preço – bem alto – de viver em paz com sua biografia.

Muita gente já não gostava dele, e talvez tão somente por aquilo que ele representa, antes de seu envolvimento com política. Passou a ser detestado também por questões ideológicas. Tá difícil ser Luciano Huck no Brasil.

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Luciano Huck no especial Inspiração: exemplos de brasileiros que transformam realidades cruéis
Luciano Huck no especial Inspiração: exemplos de brasileiros que transformam realidades cruéis
Foto: Victor Pollak / TV Globo

Independentemente destas questões, o apresentador merece respeito. A edição de sábado (dia 20) do Caldeirão deveria ser vista por cada um dos 210 milhões de brasileiros.

O que se exibiu ali foi o Brasil real, cru, impiedoso, injusto e, ao mesmo tempo, um País de gente honesta, empática, essencialmente humana.

O especial Inspiração mostrou homens e mulheres que não esperam a ação do Estado – arregaçam as mangas, cooptam forças e promovem transformação social.

Exemplos de luta contra a violência à mulher, resgate social de prisioneiros, valorização da produção agrícola regional, entre outras demandas tão urgentes e negligenciadas pelos governantes e pela população acomodada.

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Causou impacto e comoção, especialmente, o segmento a respeito de exploração sexual com depoimentos colhidos na Amazônia.

Entre os quais, o de uma psicóloga que trabalha na mesma instituição que a acolheu quando era uma adolescente em situação de risco – e de pessoas que fazem parte de uma rede de proteção que atua para criminalizar quem acha normal pagar por sexo com crianças.

Luciano Huck, ele próprio emocionado, escancarou os dois lados da realidade brasileira: o problema e a solução, a dor e o alívio, a omissão e a reação. Essa exposição na tela da principal emissora do País tem valor imensurável.

No dia a dia, a maioria de nós prefere mudar de canal – e desviar o olhar – para não encarar (com o peso da responsabilidade ou da culpa) as mazelas da esquina onde vivemos.

Já o apresentador elitista sai da bolha de proteção e vai lá dar voz a quem quase nunca é ouvido.

Dizem que o que Huck faz é apenas assistencialismo mal disfarçado e bom-mocismo para gerar autopromoção.

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Afirmo ser outra coisa: é uma TV digna que o Brasil ausente não está preparado para assistir.

Um espelho que reflete o que somos – nem sempre uma imagem bonita.

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