Presidente Bolsonaro começa sua cruzada contra a Globo

Projeto prevê fim de mecanismo que faz agências publicitárias preferirem investir verba milionária na emissora

8 jan 2019 - 15h16
(atualizado às 15h29)

Jair Bolsonaro acionou artilharia pesada contra a Globo.

Presidente quer redistribuir as verbas publicitárias do governo para aumentar o valor destinado às concorrentes da Globo
Presidente quer redistribuir as verbas publicitárias do governo para aumentar o valor destinado às concorrentes da Globo
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV / Foto: Alan Santos/Presidência da República

A imprensa repercute um projeto do deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL-SP), aliado do presidente e ex-ator de novelas da emissora, para proibir a prática do BV (Bonificação por Volume), mecanismo que beneficiaria o canal carioca.

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Trata-se de uma comissão que as empresas de TV pagam às agências publicitárias para que sejam privilegiadas com as verbas dos maiores anunciantes do País.

Frota afirma ter o apoio das principais concorrentes da Globo: RecordTV, SBT, RedeTV! e Band.

Apesar de bombástica, eventual proibição do BV não fará os publicitários deixarem de privilegiar a Globo.

Mesmo sem ganhar os 10% ou 20% de praxe, eles continuarão a preferir a emissora com mais audiência para garantir a repercussão dos produtos anunciados e o retorno esperado por seus clientes.

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Na média diária, das 7h à meia-noite, a Globo frequentemente registra mais pontos no Ibope do que a soma dos índices de RecordTV e SBT.

Esse incontestável poder de influência atrai o grosso da verba milionária da publicidade brasileira. Como dizem no meio, ‘anunciar na Globo é certeza de resultado’.

Outra frente de Bolsonaro contra a maior empresa do Grupo Globo é reduzir a verba oficial do governo federal.

De acordo com a Folha de S. Paulo, em 2017 e 2018 a Globo recebeu 50% do total de investimentos da publicidade estatal.

Em agosto do ano passado, durante entrevista ao vivo na bancada do Jornal Nacional, o então candidato Bolsonaro acusou o canal da família Marinho de viver do dinheiro público.

“São bilhões que o Sistema Globo recebe de recursos da propaganda oficial do governo”, disse, convicto.

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No dia seguinte, o âncora e editor-chefe do JN, William Bonner, leu uma nota de esclarecimento para rebater o presidenciável e inimigo declarado da Globo.

Um trecho: “A propaganda oficial do governo federal e de suas empresas estatais corresponde a menos de 4% das receitas publicitárias e nem remotamente chega à casa do bilhão. Os anunciantes privados ou públicos reconhecem na TV Globo uma programação de qualidade, prestigiada por enorme audiência e, por isso, se valem dela para levar ao público mensagens sobre seus produtos e serviços”.

Com base nos dados oficiais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, estima-se que a Globo receba entre 400 milhões e 500 milhões de reais por ano de publicidade do governo. O faturamento anual da emissora gira em torno de 10 bilhões.

Em um momento deliciado da economia brasileira, qualquer perda de receita provoca impacto, porém, mesmo se a Globo for atingida por cortes ordenados por Bolsonaro, não terá seu lucro real tão afetado.

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Essa guerra entre o presidente e a principal emissora da televisão brasileira tem tudo para virar uma longa novela – sem garantia de final feliz.

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