Dramaturgia fraca, direção frouxa, efeitos visuais toscos, desfechos previsíveis. Por que então Verão 90 se tornou fenômeno de audiência?
A base do sucesso está no carisma dos personagens principais. Ao conquistar a simpatia do telespectador, amenizaram a fragilidade das tramas.
A novela com humor pastelão serviu como analgésico ou alucinógeno a quem preferiu fugir da toxicidade das redes sociais e da azucrinante vida real.
Ambientada na cafona década de 1990, a produção fez a gente acreditar que era mais feliz naquele período – o cotidiano tinha mais cores, as relações humanas pareciam mais verdadeiras e intensas.
Personagens como a estrela de pornochanchada Lidi Pantena (Cláudia Raia), o golpista sedutor Galdino (Gabriel Godoy) e o mulherengo Quinzão (Alexandre Borges) divertiram o público com cenas de tropelias.
Enquanto cinema é arte, a telenovela tomou para si a missão de oferecer esse escapismo capaz de produzir bem-estar temporário a quem se coloca diante da TV.
Cheia de imperfeições, Verão 90 passou um recado a quem exige demais da televisão: relaxe e ria.