‘Amor de Mãe’ vive momentos decisivos. Lurdes (Regina Casé) descobriu finalmente que Danilo (Chay Suede) é Domênico, o filho vendido por seu marido crápula. Thelma (Adriana Esteves) mergulha de vez na psicopatia para tentar se livrar da rival. Em outros tempos, o Brasil estaria eufórico com o desenrolar da trama. Não é o que se vê.
Há indiferença em relação à fase final da novela das 21h da Globo. Falta o ‘boca a boca’ nas ruas — esvaziadas pelo distanciamento social — e a repercussão nas redes sociais tem sido baixa. Os noveleiros, sempre tão participativos e ruidosos, se mantêm letárgicos em seu sofá. Acompanham o folhetim sem empolgação.
Na quarta-feira (24), a aguardada cena de Lurdes revelando a Thelma que já sabe a verdade sobre Danilo gerou pouco engajamento na internet. O Twitter serve como termômetro: houve apenas uma menção à novela, com a hashtag #thelma atingindo o sexto lugar nos Trending Topics. Pouco, muito pouco na comparação com outros folhetins em capítulos especiais.
As notícias sobre a pandemia afetam o humor de todos, obviamente. Vivemos tempos atípicos. A marca de 300 mil brasileiros mortos dominou a TV ontem. Justamente agora o tradicional novelão seria mais útil do que nunca como escapismo para a realidade sufocante.
A indiferença com ‘Amor de Mãe’ mostra que não funcionou dessa vez. Provavelmente por ser excessivamente dramática, sem o necessário alívio cômico, a produção se encaminha para o fim sem despertar a paixão do telespectador. Nem o retorno à TV aberta das milhares de famílias que cancelaram o pacote de TV paga ao longo da pandemia melhorou essa percepção.
A audiência está razoável: média de 30 pontos na primeira temporada (de novembro de 2019 a março de 2020) e de 31 pontos nos capítulos exibidos nessa fase conclusiva. Índice menor do que o de quatro das últimas cinco novelas da principal faixa de teledramaturgia da Globo. À frente apenas da problemática ‘O Sétimo Guardião’.