Houve um tempo no qual as celebridades dominavam as conversas presenciais e na internet. Havia curiosidade inesgotável a respeito da vida privada de atores, cantores, apresentadores, modelos.
Isso é passado. Hoje, muitos políticos são tão populares quanto os astros das novelas, atraem mais seguidores virtuais que a maioria dos famosos da TV e ditam a pauta na imprensa.
Torna-se cada vez mais raro engatar um papo a respeito dos heróis e vilões dos folhetins. A ficção já não impressiona como antes: a vida real (polarizada) assumiu o protagonismo.
O que se comenta agora é a guerra de tweets entre inimigos políticos, os memes gerados por gafes do presidente e de parlamentares, as descobertas da intimidade de quem circula pelos corredores do poder.
Tanto é que as revistas especializadas em cobrir teledramaturgia e artistas sofrem sangria irreversível nas vendas.
Quem se importa com a mocinha chata da novela? E daí que aquele galã postou a enésima selfie na academia?
O povo prefere acompanhar os torpedos de Carlos Bolsonaro, as denúncias feitas por Jean Wyllys, as discussões online de Joice Hasselmann, entre outros conteúdos com carga explosiva.
Além da concorrência com esses políticos midiáticos, os artistas sofrem com a visibilidade gigantesca dos influenciadores digitais – são eles que prevalecem no YouTube, Facebook o Instagram, e ainda conquistam espaço na TV.
Resta aos artistas se politizarem também a fim de manter espaço relevante sob os holofotes. Regina Duarte e José de Abreu, em lados opostos, têm dado a cara a tapa. Estão frequentemente em evidência, porém, pagam um preço alto por tal exposição.
Não há fama sem ônus no Brasil de 2019.