O humor ácido se fez presente no Jornal da Cultura de segunda-feira (18). Uma matéria informou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está tomando cloroquina como prevenção à covid-19. O homem mais poderoso do planeta, que adotara postura negacionista, agora faz testes diários para saber se não foi contaminado pelo novo coronavírus.
Na volta da imagem ao estúdio do telejornal, a âncora Karyn Bravo fez um questionamento ao médico sanitarista Gonzalo Vecina, presente na bancada. "Qual sua avaliação sobre esse medicamento que derrubou nosso último ministro da Saúde (Nelson Teich)? Será que é verdade que Donald Trump está tomando a medicação?"
"Eu acho que isso pode ser uma sorte para os americanos", respondeu o especialista, com sarcasmo. "Quem saiba ele morre dos efeitos colaterais da cloroquina, não é?".
A ironia provocou o riso do outro analista da edição de ontem do JC, o historiador e escritor Marco Antonio Villa, crítico enfático de Trump, Bolsonaro e dos políticos em geral. "Não tem efeito. Todos os estudos feitos até hoje não demonstraram que ela (cloroquina) deve ser utilizada para tratar covid", explicou Vecina.
"Para tratar artrite reumatoide, para tratar malária, sim. (...) Ou seja, ela só funciona em gente que acredita nela. Agora, gente que acredita nela não é um bom indicador científico. Principalmente um sujeito que não entende nada de medicina como o nosso presidente. Então, isso, ficção."
Em seguida, Vecina — ex-secretário municipal de Saúde de São Paulo e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — disse que a OMS (Organização Mundial da Saúde), duramente atacada por trumpistas e bolsonaristas, cometeu "pecadilhos" por ter demorado a informar os líderes de todos os Países sobre a gravidade da pandemia que se anunciava. Por fim, ele reiterou a importância do controle da mobilidade social enquanto a ciência não descobre uma vacina contra o novo coronavírus.