Há empate na guerra dos sexos no Big Brother Brasil. O reality show mais amado e odiado da televisão teve desde a primeira edição, em 2002, dez campeões (Kleber Bambam, Rodrigo Cowboy, Dhomini Ferreira, Jean Wyllys, Diego Alemão, Rafinha Ribeiro, Max Porto, Marcelo Dourado, Fael Cordeiro e Cezar Lima) e dez campeãs (Cida Santos, Mara Viana, Maria Melillo, Fernanda Keulla, Vanessa Mesquita, Munik Nunes, Emilly Araújo, Gleici Damasceno, Paula von Sperling e Thelma Assis). Um homem não vence o programa desde 2015, quando o estudante de direito paranaense Cézar Lima obteve 65% dos votos na disputa com a empresária paulista Amanda Djehdian.
Se nas temporadas anteriores a rivalidade entre gêneros era coadjuvante, a luta potilizada que opõe homens e mulheres ganhou protagonismo absoluto no BBB20. O tão decantado empoderamento feminino foi colocado à prova com a ação estratégica da maioria dos brothers da casa — apelidados de chernoboys em referência ao desastre nuclear de Chernobyl — e a mobilização de machistas e feministas entre os telespectadores.
Esta temporada derrubou a impressão popular de que a maioria dos votantes que decidiam os paredões era de homens. De acordo com dados divulgados pelo Data Center da Globo, 67% dos votos foram de mulheres. O engajamento feminino para defender as sisters atacadas com elementos de misoginia e sexismo mobilizou principalmente jovens de 18 a 24 anos com forte atuação nas redes sociais. Foi um levante tão surpreendente que a maioria das enquetes online erraram o resultado dos paredões mais concorridos, como aquele que resultou na eliminação do então favorito Babu Santana.
A questão sociológica da equidade entre homens e mulheres ajudou a reinventar o Big Brother Brasil. Após edições mornas e algumas desastrosas, como a décima nona, o show de realidade se mostrou não apenas entretenimento eficiente, como também uma plataforma para o debate de ideias, preconceitos e tabus. O que era para ser somente escapismo descartável em tempos de isolamento social virou um espelho da problemática sociedade brasileira. Por meio das declarações e atitudes dos participantes, nós vimos o melhor e o pior do que somos. Com isso, nasce expectativa gigantesca em relação ao BBB21 pós-pandemia de Covid-19.