Na loja onde expõe e vende suas telas feitas com elementos da natureza, Regina Duarte concedeu entrevista ao editor Silas Martí, da ‘Folha de S. Paulo’.
Fora da Globo desde 2020, quando rescindiu o contrato para ser secretária de Cultura no governo de Jair Bolsonaro, ela acena com a possibilidade de voltar à TV.
“Eu gostaria muito de fazer uma novela evangélica na Record, eu gosto daquelas histórias, sou fascinada por aquilo, e eu sinto que não sou só eu. Muita gente gosta”, diz. Seu último trabalho na televisão foi a trama das 18h ‘Tempo de Amar’, em 2018.
Apagada em várias divulgações da Globo, onde trabalhou por 50 anos, a atriz afirma que o canal erra ao ceder ao ativismo e, por isso, perde audiência.
“A TV Globo repercute uma parcela da sociedade que é ‘gritalhona’, que se expõe, que está sempre nas redes sociais, nas danças, na música. É uma nova geração que está aí, e a TV Globo replica. E tem lá o seu público”, analisa.
“Muita gente da minha época, da minha geração, reclama e não assiste mais. É o preço que se paga por não conseguir agradar a todos, como a Globo já agradou antigamente, era 100% de audiência.”
Ignorada por parcela revelante do meio artístico, e alvo de críticas de muitos ex-colegas, Regina Duarte se mostra satisfeita com sua nova ‘turma’.
“Se a classe não quer ficar comigo, é problema dela, tem todo o direito. Eu não estou sozinha, estou superbem acompanhada por pessoas que têm os mesmos valores que eu, família, religião, coisas que dão estrutura, que dão raiz à árvore que a gente é.”
A protagonista de produções progressistas como ‘Malu Mulher’ (1979-80), ‘Vale Tudo’ (1988) e ‘Páginas da Vida’ (2006) reclama dos ataques por se manter fiel ao ex-presidente de direita.
“... querem me impedir de ser bolsonarista? É essa a ideia? Não é um tanto agressivamente ditatorial? Essa é a pergunta que fica no ar. Quer dizer que essas pessoas querem uma ditadura? Querem também serem proibidas de fazer escolhas livres?”
Questionada o trabalho nas artes plásticas representa um “renascimento”, a atriz, de 76 anos, afirma enxergar justamente o contrário.
“Vejo que esse meu momento artístico denota uma preparação para a morte. É olhando as folhas que eu vejo para onde estou indo. Estou voltando à terra. As folhas caem da árvore, e agora vou envelhecer aqui na terra e vou virar alimento para as próximas gerações botânicas.”