“Tá difícil ser ele, tá puxado”, disse Claudia Raia. A estrela se referia a José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho.
Os dois – e Miguel Falabella – formam o júri do Show dos Famosos, a atração do Domingão em que artistas interpretam grandes ídolos da música.
Boninho entrou na segunda temporada, ano passado, em substituição ao diretor de dramaturgia diária da Globo Silvio de Abreu.
A recepção foi positiva. Ele chegou a ser considerado uma espécie de revelação do quadro.
Com fama de temperamental e provocador, o diretor artístico mostrou ter humor agradável e fez julgamentos coerentes.
Mas o jogo virou. A popularidade o tornou vidraça. Seu rigoroso nível de exigência tirou a paciência de Raia e Falabella, com quem ele se estranhou.
Com enorme resistência a dar nota 10, Boninho virou o rei do 9,9. Sempre enxerga uma falha, ainda que milimétrica, para não permitir a pontuação máxima.
No domingo (19), até Faustão o cutucou. “Onde é que você achou defeito?”, questionou o apresentador, entre a ironia e a irritação.
A retirada de um décimo de Solange Almeida, que ganhou 10 da plateia ao surgir como Whitney Houston, fez o público do estúdio vaiar o jurado polêmico.
Fausto também ficou contrariado quando Boninho comparou as performances do Show dos Famosos com os desempenhos do The Voice Brasil, programa dirigido por ele.
O apresentador afirmou não ser possível tal comparação já que os participantes da competição de novos talentos são “calouros” enquanto os do Show dos Famosos já têm carreira consolidada.
Acuado, Boninho concordou.
Quase todo programa nesse formato apresenta um jurado ‘do contra’. É quase um personagem indispensável para quebrar a previsibilidade e a camaradagem.
Os mais velhos vão se lembrar da lendária Aracy de Almeida no Show dos Calouros de Silvio Santos.
Ainda que excessivamente crítico, Boninho prova ter estudado cada número musical. Avalia com convicção e experiência.
No final da temporada, a produção poderia desafiá-lo a se apresentar diante das câmeras.
O todo-poderoso diretor e os telespectadores se divertiriam — e, por melhor que se saísse, Boninho certamente experimentaria o sabor amargo do 9,9.