Repórter da CNN atacado por bolsonaristas honra o jornalismo

Pedro Durán foi ameaçado por apoiadores do presidente no Rio e já havia sido agredido em evento pró-Lula em SP

24 mai 2021 - 08h51
(atualizado às 08h52)

Sofrer hostilidade durante o trabalho nas ruas não é exclusividade dos jornalistas da Globo e GloboNews. Os profissionais da CNN Brasil também se tornaram alvo de todo tipo de intimidação, inclusive ameaça de morte.

Graduado pela PUC-SP, Pedro Durán sente orgulho da missão de informar as pessoas
Graduado pela PUC-SP, Pedro Durán sente orgulho da missão de informar as pessoas
Foto: Instagram/@pedromeletti (Fotomontagem: Blog Sala de TV)

No domingo (23), o repórter Pedro Durán sentiu na pele a intolerância de parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro contra a imprensa vista como crítica do bolsonarismo. Ao cobrir ato de apoio ao presidente, no Rio, ele foi xingado de “lixo”, “vagabundo” e “comunista”.

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Dezenas de manifestantes exaltados o ameaçaram de agressão física. Chegaram a tocar nele e cobrir seu rosto com uma bandeira. Vários deles filmavam a cena de truculência com o celular como se fosse um espetáculo.

Alguns homens da PM conduziram o jornalista até uma viatura. Com sirene ligada, o veículo partiu enquanto o grupo continuava a gritar. Imagens parecidas só haviam sido vistas até então com repórteres da Globo e GloboNews, emissoras consideradas “inimigas” pelo presidente e seus seguidores.

No início da noite de ontem, ao participar ao vivo do plantão de domingo da CNN Brasil, o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticou a coação de bolsonaristas contra o jornalista do canal.

Os apoiadores de Bolsonaro cercaram o repórter da CNN Brasil; vários transmitiram o ato de intimidação ao vivo em redes sociais
Foto: Reprodução/Twitter/@aeciodepapelao

Infelizmente, não foi a primeira vez que Pedro Durán se tornou vítima de intolerância em ambiente político. Em 7 de abril de 2018, ele trabalhava na rádio CBN, do Grupo Globo, quando foi empurrado por um homem e levou um arranhão no braço.

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O repórter estava no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Cobria o cumprimento da prisão do ex-presidente Lula determinada pelo então juiz da Lava Jato Sergio Moro. O jornalista foi salvo por alguns deputados petistas que o tiraram do local.

Em post recente no Instagram, Pedro Durán refletiu a respeito da paixão pelo jornalismo. “Todo dia na rua. Desde antes da pandemia. Todo dia buscando notícia, contando histórias e tentando traduzir do meu jeito, do melhor jeito, o que tá acontecendo de mais importante por aí.”

E prosseguiu: “Tropeço como todos, mas nunca deixo de me levantar, todos os dias, pra fazer do jornalismo uma vitrine necessária pra quem muda o mundo. Às vezes a voz até fica embargada com tanta notícia ruim, mas o ouvido e os olhos nunca param de funcionar. Espero que no fim de tudo isso, eu tenha pelo menos conseguido te ajudar a entender, aprender e refletir, porque é isso que tento fazer todos os dias.”

Casado, pai orgulhoso de um menino, o repórter que trocou São Paulo pelo Rio para trabalhar na CNN Brasil se demonstra um otimista. “Espero que o Rio de Janeiro me permita dar boas notícias nos tempos vindouros”, desejou em post no Instagram, em dezembro de 2020.

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Infelizmente, a realidade cruel e injusta se impõe. As manchetes positivas se perdem em meio a tanta negatividade — incluindo aí o odioso ataque que o repórter sofreu, assim como ocorreu com vários outros profissionais de imprensa.

Apesar das ofensas, atemorizações e pancadas, os jornalistas profissionais comprometidos com a verdade, a exemplo de Durán, continuarão a retratar o Brasil real a quem interessar.

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