O notório desapreço de Silvio Santos pelo telejornalismo, por conta do alto investimento que o noticiário exige, e do baixo retorno financeiro proporcionado, coloca o SBT em situação delicada nesse período de epidemia global de covid-19. O canal vê seu principal rival, a RecordTV, decolar no Ibope. Pior ainda: a emissora passou a perder o terceiro lugar no ranking para a Band em alguns horários.
A Globo mudou sua programação. Em alguns dias tem 60% do horário das 4h da manhã à meia-noite dedicado à cobertura da pandemia. O Jornal Nacional bate recordes de público em edições que chegam a ter 1h30 de duração.
A RecordTV e a Band agora abordam o tema em programas de variedades como o Hoje em Dia e o Aqui na Band. Já o SBT não fez mobilização especial para acompanhar o assunto do momento no planeta.
Na faixa vespertina, a emissora tem perdido no Ibope para o Brasil Urgente, comandado por José Luiz Datena na Band. No horário nobre, a RecordTV passou a encostar e até ultrapassar o SBT em alguns momentos.
Na média diária, das 7h à meia-noite, de segunda-feira (dia 24) a quinta (27), a emissora do bispo Edir Macedo registrou 7.6 pontos enquanto o canal de Silvio Santos ficou com 6.6 pontos. Essa diferença pesa na disputa décimo e décimo pela vice-liderança no ranking de Ibope.
Aquele SBT que já teve um dos melhores telejornais de todos os tempos — o TJ Brasil, ancorado por Boris Casoy de 1988 a 1997 — hoje é uma emissora que padece por oferecer um jornalismo burocrático, repetitivo, sem acrescentar nada relevante ao que é exibido nos outros canais.
Há na casa jornalistas de incontestável competência, como Carlos Nascimento e Rachel Sheherazade, porém, nenhum âncora está autorizado a ir além do que lê no teleprompter. Falta opinião, análise, humanização da notícia. Tal estagnação faz o jornalismo abafado por Silvio Santos ficar para trás, lamentavelmente.