A maneira bufônica com que Tatá Werneck interpreta o texto do quadro O Especialista, no Lady Night, do Multishow, é uma das coisas mais divertidas da TV brasileira.
Com piadas cretinas e improvisos despudorados, a multiartista diverte os entrevistados, a plateia no estúdio, os telespectadores e a si mesma.
Ela se destaca entre os talk shows – predominantemente comandados por homens – na TV aberta e nos canais pagos.
Em 2018, a carioca de 1,52m de altura se agigantou ao explorar com criatividade o velho formato da entrevista embalada em comédia.
Com estilo inconfundível, misturando cinismo, jocosidade picante e autodeboche, deu continuidade ao desbravamento iniciado por ícones femininas do humor escrachado como Dercy Gonçalves (1907-2008), Berta Loran e Zilda Cardoso.
Nas novelas, Tatá não foge do mesmo registro de atuação usado quando interpreta ela mesma. O que seria uma falha virou mérito.
Sua personagem Lucrécia salvou da monotonia o folhetim medieval Deus Salve o Rei, que ocupou a faixa das 19h30 na Globo.
A atriz, de 35 anos, sempre subverte o texto e a trama de maneira positiva. Já havia acontecido antes, também com resultado bem-sucedido, em Haja Coração, I Love Paraisópolis e Amor à Vida.
Em uma televisão cada vez mais politicamente correta e pouco engenhosa, Tatá Werneck bota fogo no parquinho e oferece o escapismo que o telespectador tanto busca ao ligar a TV para fugir da árdua realidade.