Silvio queima a própria imagem ao tentar bajular Bolsonaro

Slogan ressuscitado pelo SBT da época da ditadura gerou péssima repercussão ao apresentador

7 nov 2018 - 11h37
(atualizado às 11h41)

Nenhuma surpresa ver o SBT flertar com o militarismo do presidente eleito Jair Bolsonaro ao colocar no ar uma vinheta com o slogan nacionalista ‘Brasil: Ame-o ou Deixe-o’, amplamente usado pelos militares durante a ditadura.

O dono e principal imagem do canal, Silvio Santos, sempre teve relação próxima com o poder desde aquele período em que o País esteve sob o controle das Forças Armadas.

Publicidade

O empresário ganhou a concessão da emissora em agosto de 1981, na presidência do general João Figueiredo (1918-1999), último militar no comando do Brasil nos 21 anos da ditadura. Até então, o sinal do canal 4 era da TV Tupi, que teve a concessão cassada pelo regime militar.

O apresentador e dono do SBT foi duramente criticado por rememorar frase ufanista da ditadura
O apresentador e dono do SBT foi duramente criticado por rememorar frase ufanista da ditadura
Foto: O apresentador e dono do SBT foi duramente criticado por rememorar frase ufanista da ditadura / Reprodução/SBT

Em agosto do ano passado, o animador que começou a vida como camelô agradeceu, em tom de brincadeira, o apoio recebido por Figueiredo: “Sou muito grato a ele. Se não fosse ele, eu estava vendendo caneta na praça da Sé”. 

Dona Dulce Figueiredo (1928-2011), esposa do presidente-general, era fã declarada de Silvio Santos e o teria ajudado a conquistar a concessão.

Antes de lançar a TVS em São Paulo, o comunicador carioca já havia vencido a concorrência para adquirir o Canal 11, do Rio de Janeiro, durante a gestão do general Ernesto Geisel (1907-1996).

Publicidade

Grato pelo apoio recebido de Figueiredo, Silvio criou o miniprograma dominical "A Semana do Presidente". Nada mais era do que um boletim para promover as atividades do comandante-em-chefe do País. Propaganda política disfarçada de jornalismo.

Esta semana, ao exibir a vinheta pseudopatriótica com o slogan ‘Brasil: Ame-o ou Deixe-o’, o dono do SBT deu um tiro no próprio pé. A frase ufanista, muito usada no auge da ditadura, era um recado (com inegável teor de ameaça) aos opositores do regime militar.

A reação foi estrondosamente negativa à emissora e a Silvio Santos. O que seria um afago ao ego do presidente eleito Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército que defende o nacionalismo, foi interpretado como uma ode ao radicalismo imposto pelo regime militar.

A imprensa e as redes sociais foram tomadas por matérias críticas ao vídeo e colaram no apresentador a imagem de bajulador apegado ao poder, conservador e apoiador da ditadura.

Publicidade

No Brasil atual, toda manifestação política de pessoa pública bem avaliada pode gerar variadas (e até equivocadas) interpretações. A dimensão é ainda maior e potencialmente mais danosa se a figura em questão for o apresentador mais popular da TV.

Atento, o SBT tirou a vinheta do ar rapidamente. Contudo, o estrago estava feito – e será difícil repará-lo.

Veja também

Matangi / Maya / M.I.A. Trailer Original
Video Player
Blog Sala de TV - Todo o conteúdo (textos, ilustrações, áudios, fotos, gráficos, arquivos etc.) deste blog é de responsabilidade do blogueiro que o assina. A responsabilidade por todos os conteúdos aqui publicados, bem como pela obtenção de todas as autorizações e licenças necessárias, é exclusiva do blogueiro. Qualquer dúvida ou reclamação, favor contatá-lo diretamente no e-mail beniciojeff@gmail.com.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se