Vivemos um tempo estranho, no qual quem tem opinião divergente da maioria recebe tamanha contestação a ponto de se sentir obrigado a pedir desculpas.
Foi o que aconteceu com a jornalista Carla Vilhena. De maneira profissional, ela criticou a performance de Maria Júlia Coutinho, âncora do Jornal Hoje, na cobertura da morte do diretor de novelas Jorge Fernando. Maju teria agido com descontração incompatível com a seriedade exigida pela notícia.
Duramente criticada nas redes sociais, Vilhena fez um post para se desculpar. Não havia necessidade. Ela não desrespeitou Maria Júlia. Apenas opinou a partir de sua ampla experiência no comando de telejornais.
Carla estreou diante das câmeras antes mesmo de se graduar em Comunicação. Tem mais de 30 anos de vivência no telejornalismo. Possui autoridade para falar do assunto. Não é uma palpiteira de internet.
Pela trajetória profissional de Carla Vilhena, e por sua postura sempre discreta e coerente, difícil acreditar que ela quis fazer um ataque a Maju com a intenção de menosprezar a nova âncora do JH. A ex-apresentadora da Globo, que deixou a emissora no início de 2018, nunca foi polemista.
O desempenho de Maria Júlia como âncora suscita críticas dentro e fora do canal. A jornalista ainda está em fase de adaptação. É sua primeira vez como única apresentadora titular de um telejornal.
Erros recorrentes na leitura das notícias e eventuais deslizes de atitude são compreensíveis e poderão ser corrigidos ao longo do tempo. A forte pressão interna e externa sobre Maju explica eventual insegurança.
A popularidade e o carisma da apresentadora a tornaram, na visão de muitos fãs, blindada contra avaliações desfavoráveis. Mas, na prática, não há jornalista intocável. Tentar superproteger Maria Júlia faz mal à imagem pública – e à credibilidade – da própria âncora.
Em resumo, Maju tem o direito de errar e Carla Vilhena tem o direito de criticar. Trata-se da liberdade de não ser perfeito e da autonomia para emitir opinião pessoal.