Em 8 de setembro de 2005 entrava no ar a TV Aparecida. A programação focada em jornalismo, entretenimento familiar e atrações religiosas deu certo. Está, hoje, entre as 14 maiores redes de televisão do País.
O diretor de programação da emissora, Irmão Alan Patrick Zuccherato, conversou com o blog.
A TV Aparecida é a 8ª emissora de TV aberta mais assistida no País, de acordo com dados de julho da Kantar Ibope. Como explica esse bom resultado em apenas 16 anos no ar?
Em primeiro lugar, esse crescimento se deve ao amor das pessoas por Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. E depois ao trabalho sério e competente realizado pela direção, pelos profissionais e colaboradores da emissora. Nossa programação, que engloba conteúdos nas áreas do jornalismo, entretenimento e religioso, é feita para a família brasileira, com qualidade e muito critério.
O senhor acredita que o drama da pandemia da covid-19 levou mais telespectadores a procurarem a programação da TV Aparecida?
Seguramente! São nos momentos mais difíceis na vida das pessoas que a fé é buscada. Tanto que as transmissões da 'Missa de Aparecida', no período mais difícil da pandemia, em que as pessoas evitavam sair de casa, chegaram a alcançar bons índices, como o segundo lugar na audiência entre as emissoras abertas na Grande São Paulo. O canal já tinha uma boa audiência, mas cresceu nestes últimos meses. Ressaltamos que logo quando foi decretada a quarentena, em março de 2020, nós, da TV Aparecida, devido ao momento sensível que o Brasil estava passando, procuramos ser presença de fé e esperança através da nossa programação junto ao nosso público. Com tanta informação difícil e num momento de muita angústia, a nossa TV procurou manifestar a solidariedade e, sobretudo, dizer: "Vamos vencer". No País se falava de tanta crise, nós, com a nossa programação, não quisemos gerar uma crise de fé nos devotos, pelo contrário. Um momento de dificuldade, sim, mas de poder com fé, esperança e na alegria da devoção caminharmos juntos rumo a um mundo melhor. É muito importante para a emissora, através de suas transmissões, levar aos mais distantes lares do País e no exterior, através da internet, o anúncio da Palavra de Deus, a celebração da fé, diariamente, em um mundo tão laico, e ainda propagar a devoção a Nossa Senhora. Nossas produções culturais, educativas, jornalísticas, esportivas, musicais, femininas, filmes e séries fazem parte da nossa proposta principal, que é a evangelização.
Canais com viés religioso sempre enfrentaram críticas e preconceito por suposta doutrinação do público. Como o senhor vê essa questão?
Eu vejo a partir da forma que nós abordamos e respeitamos as doutrinas. Nós seguimos a doutrina social da igreja que quer, cada vez mais, um indivíduo que tenha a sua realização integral. E quando nós percebemos tantas polarizações, especialmente no campo político, entendemos que temos irmãos e irmãs aos milhões em outras religiões. Pensamos diferente, oramos de forma diferente, mas numa coisa nós somos iguais: o objetivo de construir o Reino de Deus, apoiado nos valores cristãos, que são os valores da boa convivência, de um mundo mais fraterno e humano, que cessem as desigualdades. Então, se nós estamos pregando assim, incluindo as pessoas na lógica do Evangelho – não numa lógica da exclusão – então não tem por que a gente ter medo de enfrentar críticas. Nós estamos do lado do sofredor, estamos querendo dar vez e voz para aqueles que não têm as condições básicas de vida digna. Isso foi o legado de Jesus e aí, então, nós nos apoiamos na Bíblia. E com a Bíblia nós seremos mais ecumênicos também. Então, esse é o nosso princípio: respeitar a todas as pessoas e quem pensa diferente. O diálogo é o caminho para a construção da unidade, da paz e do amor.
A maioria das TVs no Brasil enfrenta dificuldade em interagir com o universo da internet, até pouco tempo vista como grande inimiga da televisão. Como tem sido a atuação e a experiência da TV Aparecida na web?
Na atualidade, não dá para ignorar o advento da internet como ferramenta de comunicação e vemos como bem positiva a interação entre os meios analógicos e digitais do nosso grupo Aparecida. Além das mídias sociais do Santuário Nacional, a TV Aparecida é bastante assistida através de seu canal no YouTube, pois alcança o público onde quer que ele esteja ou onde nosso canal de tevê ainda não está. A TV Aparecida, hoje, tem mais de 2,7 milhões de seguidores no Facebook e mais de 500 mil visitas mensais em seu portal (a12.com/tv), onde a emissora também exibe suas transmissões ao vivo. Nesse aspecto da tecnologia, temos também o aplicativo 'Aparecida', oferecendo a programação diária da TV, bem como das emissoras de rádio (Aparecida e A Rádio POP). E assim nós formamos uma rede de comunicação de fé para ajudar as pessoas a acreditarem num mundo melhor.
Um dos maiores desafios de todas as emissoras de TV, no momento, é renovar o público. A TV Aparecida tem conseguido atrair os jovens e criar nova geração de telespectadores?
Nós, primeiramente, queremos fidelizar o nosso público, fazer com que cada pessoa que goste da nossa programação procure divulgá-la. Outro aspecto importante são os projetos em consonância com o Santuário Nacional. Um deles é o 'Devotos Mirins Show', programa infantil semanal com histórias para ajudar as crianças a vivenciarem suas fases, apresentando o universo da devoção a Nossa Senhora Aparecida. O programa estreou neste mês de setembro. Nessa linha, nós temos também o projeto 'Jovens de Maria' e o programa 'Conectados pela Fé'. Buscamos atrair e falar com as diversas juventudes do Brasil com o objetivo de apoiar os jovens em seus sonhos, nas suas escolhas, bem como no seu discernimento vocacional. Não necessariamente para que ele se torne padre, irmão ou religioso, mas para que seja um jovem feliz e realizado. Temos ainda no nosso elenco muitos jovens apresentadores, ou seja, é o jovem evangelizando o jovem. Dessa forma, conversamos diariamente com a família brasileira.
Como é a sua rotina em relação à TV? Consegue assistir a muitas horas da programação? Pede mudanças no que está sendo exibido ao vivo?
Consigo, sim, assistir a muitas horas da programação da TV. Em alguns momentos, em estudo e reflexão com a equipe, a gente procura sempre interferir para que tudo o que vá para o ar – até por uma consciência de todos os que aqui trabalham – seja conteúdo próprio e de acordo com a missão, a visão e os valores da TV. A gente não precisa proibir ou falar que algum conteúdo é impróprio porque todo mundo que trabalha aqui tem essa consciência da missão evangelizadora do canal de Nossa Senhora.
Como foi a experiência de exibir novelas? Novas produções serão compradas?
As três novelas que a emissora exibiu foram através de parcerias com a TV Globo, a produtora JPO e a TV venezuelana Venevisión, que cederam os direitos para exibição na TV Aparecida. Exibimos 'A Padroeira' (2017), 'O Direito de Nascer’ (2018) e 'Coração Esmeralda' (2018 a 2019). Depois, optamos por procurar séries com menos capítulos e conteúdo adequado à proposta do nosso canal. Produzir dramaturgia, como se sabe, requer muito investimento e, portanto, ainda não cogitamos esse tipo de trabalho.